Aos
Ele e a mulher, Mariana de Abreu, são programadores. Especialista em blockchain, que é a tecnologia por trás da criptomoeda, ele prestava consultoria para empresas no Brasil. A empresa ainda existe, hoje tocada por funcionários. Mas o seu foco é agora a produção da moeda virtual, um processo também chamado de mineração.
Seguindo a máxima que imperava no auge de Serra Pelada, no Norte do País, onde se dizia que, no garimpo, ganha mais dinheiro quem vende pá e picareta do que aquele que se embrenha na serra, Rodrigues, está reformando um prédio em Ciudad Del Este para transformá-lo em uma fábrica de máquinas de bitcoin.
A ideia é importar peças da China e montar no país. “O imposto de importação aqui é de apenas 1,5%. Quero aproveitar ao máximo esse momento da criptomoeda.”
Luxo
No Paraguai, Rodrigues mora no condomínio mais luxuoso da região, o Paraná Country Club, em Hernandárias, a 15 quilômetros de Ciudad del Este. É lá que residem hoje todos os brasileiros do bitcoin na região.
Com forte esquema de segurança, o local é destino consagrado dos brasileiros do agronegócio no Paraguai, chamados de brasiguaios, que fugindo dos problemas de segurança no interior do País passam o período do safra nas fazendas e se abrigam na entressafra no condomínio.
O Paraná Country Club tem aeroporto para pequenos aviões, dois campos de golfe e estande para prática de tiro (o porte de armas é liberado no Paraguai). Fica às margens do Rio Paraná, com vista para a Ilha Acaray, que abriga a usina hidrelétrica de mesmo nome.
“Aqui é cheio de brasileiro. Quem não é brasileiro é libanês ou taiwanês”, diz Rocelo Lopez, que mantém no local um sobrado confortável com piscina para uso próprio e dos funcionários brasileiros a serviço de sua empresa no país.
Embora dividam o mesmo condomínio, os brasileiros que tocam as três grandes operações de mineração de bitcoin em Ciudad del Este não mantêm qualquer relação de amizade. O clima é de disputa entre eles.
No mês passado, o funcionário de uma mineradora foi avistado dentro de uma fábrica concorrente e o clima azedou de vez. “Eu mesmo conheço todos os mineradores aqui, mas não quero conversar com eles. É melhor eles lá e eu aqui”, disse um empresário.
“Estivemos na China para comprar as máquinas e ninguém deixou a gente ver nada lá também. Não é só aqui no Paraguai, é assim no mundo inteiro. Descobrimos esse mercado há três, quatro anos, e estamos resolvendo tudo sozinhos”, afirma Rocelo Lopez, que mantém uma fábrica com seis mil máquinas na cidade vizinha. (Agência Estado)