Três anos de cursinho e pelo menos dez horas de estudos todos os dias. A dedicação da mineira Maria Beatriz Neves, de 20 anos, a colocou em um seleto grupo de apenas 53 brasileiros que alcançaram a nota máxima na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017. “O sentimento é de alívio, gratidão e alegria”, resume a jovem.
Desde que se formou no ensino médio, em 2014, a estudante que mora em Ipatinga, na região Leste do Estado, melhorou o rendimento. Escrevendo três textos por semana, ela alcançou uma pontuação que acredita ser suficiente para entrar em uma faculdade de medicina. Além da nota mil na redação, Maria Beatriz obteve média geral de 751 pontos nas demais disciplinas.
“No primeiro ano tirei 760. Nos dois seguintes, quando comecei a salinha de redação e o cursinho, fiz 940 e, finalmente, mil”, conta. Agora, a jovem aguarda a abertura do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para concorrer às federais. O maior objetivo, porém, é passar na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, em Belo Horizonte, na qual acredita que conseguirá uma bolsa por meio do Programa Universidade Para Todos (ProUni).
O tema da redação do ano passado, “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, dividiu opiniões. Maria Beatriz diz que o assunto surpreendeu pela complexidade, mas afirma ter se sentido preparada. “Estava confiante, pois já tinha treinado muito e escrito sobre várias coisas”.
Inclusive, a dica da estudante para quem quer se destacar na redação é ler bastante sobre todos os temas.
Baixo desempenho
Em 2016, 77 pessoas conseguiram a nota máxima na redação. O número é 30% maior se comparado aos 53 do ano passado. Apesar disso, a nota média foi de 541,9 para 558.
Dos 4,7 milhões de textos corrigidos, mais de 309 mil foram zerados. Dados do Ministério da Educação (MEC), divulgados ontem, apontam que a fuga do tema proposto correspondeu a 5% dos casos. Prova em branco, insuficiência, parte desconectada, não atendimento ao tipo textual e cópia do texto motivador foram outros motivos que anularam as produções.
Outros 205 candidatos teriam desrespeitado os direitos humanos. Mas, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal, nenhuma prova foi anulada. Os alunos, por outro lado, perderam pontos na avaliação.
Os dados mostraram, ainda, que os treineiros alcançaram média maior do que os demais estudantes em todas as provas. Já as pessoas privadas de liberdade que fizeram o exame foram as que menos pontuaram.