Um novo exame de sangue para o câncer se mostrou promissor para detectar oito tipos diferentes de tumores antes de que eles se espalhem para outras partes do corpo, oferecendo esperança de detecção precoce, disseram pesquisadores nesta quinta-feira (18).
Mais estudos são necessários antes de que o teste, chamado CancerSEEK, possa se tornar amplamente disponível por um custo projetado de cerca de US$ 500, disse o estudo publicado na revista científica Americana
O estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, envolveu 1.005 pacientes cujos cânceres – já pré-diagnosticados com base em seus sintomas – foram detectados com uma taxa de precisão de cerca de 70% no total.
Os cânceres foram detectados nos ovários, fígado, estômago, pâncreas, esôfago, cólon ou reto, pulmão e mama.
Para cinco desses tipos de câncer – ovário, fígado, estômago, pâncreas e esôfago – não há exames de rastreio disponíveis para pessoas de risco médio.
O exame foi capaz de detectar esses cinco tipos com uma faixa de sensibilidade de 69% a 98%. Em 83% dos casos, o exame foi capaz de delimitar onde o câncer estava anatomicamente localizado.
O teste é não invasivo e baseado na análise combinada de mutações de DNA em 16 genes de câncer, bem como dos níveis de 10 biomarcadores de proteínas circulantes.
“O objetivo final do CancerSEEK é detectar o câncer ainda antes – antes de que a doença seja sintomática”, afirmou o estudo.
Especialistas de fora do estudo disseram que é necessário que haja mais pesquisas para descobrir a verdadeira precisão do teste e se este seria capaz de detectar cânceres antes do aparecimento de sintomas.
“Isso parece promissor, mas com várias ressalvas, e uma quantidade significativa de pesquisa adicional é necessária”, disse Mangesh Thorat, vice-diretor da Unidade de Ensaios Clínicos Barts da Universidade Queen Mary de Londres.
“A sensibilidade do teste no câncer de estágio I é bastante baixa, cerca de 40%, e mesmo nos estágios I e II combinados parece ser em torno de 60%. Portanto, o exame ainda vai deixar escapar uma grande proporção de cânceres no estágio em que nós queremos diagnosticá-los”.
Nicholas Turner, professor de oncologia molecular no Institute of Cancer Research, em Londres, apontou que a taxa de falso positivo de 1% do teste pode parecer baixa, mas “poderia ser uma preocupação significativa para o rastreamento da população. Poderia haver muitas pessoas que são informadas que têm câncer que talvez não tenham”.
No entanto, Turner descreveu o artigo como “um passo ao longo do caminho para um possível exame de sangue para detectar câncer, e os dados apresentados são convincentes a partir de uma perspectiva técnica sobre o exame de sangue”. Muitos outros esforços estão em andamento para desenvolver exames de sangue para o câncer.
“Eu não acho que esse novo teste realmente tenha movido o campo da detecção precoce muito para a frente”, disse Paul Pharoah, professor de epidemiologia do câncer na Universidade de Cambridge.
“Continua sendo uma tecnologia promissora, mas que ainda deve ser comprovada”.