A diretoria do Atlético jamais imaginaria que a demissão do Oswaldo de Oliveira, na semana passada, pudesse dificultar tanto o planejamento da equipe para o restante da temporada. Com a recusa de Cuca para comandar o time do Galo, a cúpula alvinegra, que não tinha em mente uma segunda opção, precisou mudar sua tática e começou a fazer contatos na tentativa de agilizar a definição do novo nome. Mas há um dilema: trazer um técnico experiente, e provavelmente mais caro, ou recorrer a um jovem e, portanto, menos oneroso para os cofres do clube.
O presidente Sérgio Sette Câmara passou todo o dia de ontem reunido com o vice-presidente Lásaro Cândido da Cunha, o diretor de futebol Alexandre Gallo e o diretor de comunicação Domênico Bhering para discutir opções no mercado. Ele promete anunciar o técnico, no máximo, até amanhã, para que ele faça parte da preparação da equipe para o clássico diante do América, no domingo, no Independência, com mando de campo alviverde. Mas a busca não está sendo fácil, já que alguns aspectos são levados em conta – além do financeiro, o tempo de trabalho e a adequação ao perfil dos jogadores.
As opções no momento são Vágner Mancini, atualmente no Vitória; Jorginho (ex-Vasco) e Vanderlei Luxemburgo – ambos desempregados. Pelo menos por enquanto, não há a hipótese de trazer um estrangeiro, como ocorreu em 2016, quando o Atlético apostou no uruguaio Diego Aguirre. No entanto, opções surgiram e foram oferecidas, como a do sueco Sven-Goran Eriksson, que treinou a Inglaterra na Copa do Mundo de 2002. O Atlético recusou.
Outro empecilho tem sido o movimento dos treinadores brasileiros pró-Oswaldo, em manifestação organizada pela Federação de Técnicos de Futebol do Brasil (FBTF). Na rodada do fim de semana, vários profissionais usaram tarja preta ou branca na camisa e fizeram um minuto de silêncio. Houve até quem sugerisse boicote a um convite do alvinegro, caso fossem procurados.
O diretor de futebol Alexandre Gallo disse não se preocupar com essa questão: “Conversei com a diretoria deles (da FBTF) e expliquei que a demissão do Oswaldo ocorreu por motivos técnicos. Não foi pela briga com o repórter (Leo Gomide, da Rádio Inconfidência)”.
INCÔMODO
A falta de um treinador causa incômodo e incertezas no grupo. Titular na derrota contra a Caldense, o lateral-direito Carlos César se mostra preocupado com a indefinição: “Não é bom, até pelo momento que vivemos. Ninguém planeja uma situação dessas, causa um mal-estar. Mas temos experiência de situações semelhantes e precisamos focar nos jogos. A diretoria tomará a melhor decisão”.
O zagueiro Maidana, contratado nesta temporada, diz que é preciso que o grupo se una para manter o foco somente no campo: “Mesmo sendo jovem, passei por vários lugares e enfrentei esse tipo de experiência. É preciso ter paciência e colocar os ouvidos dentro do vestiário, dando atenção a quem pode nos ajudar, cobrando de todos e falando o que está errado. É preciso trabalhar”.
O time voltou aos treinos ontem. Thiago Larghi, técnico interino, esboçou uma atividade dividida em quatro grupos de sete jogadores, para trabalhar situações de ataque e trocas de passe. No último jogo, ele poupou o lateral Samuel Xavier, o zagueiro Leonardo Silva e o volante Arouca, que estavam desgastados fisicamente. O trio participou normalmente da atividade no CT alvinegro. Contra o Coelho não há desfalque por suspensão.