As autoridades seguem contabilizando os estragos causados pela mais forte chuva já registrada pelo Centro de Operações da Prefeitura do Rio, que causou quatro mortes na madrugada desta quinta-feira (15). De acordo com a Secretaria de Assistência Social, 350 famílias tiveram que deixar suas casas, o que segundo a pasta representa um total de mais de 2 mil pessoas.
A maior parte está em Campo Grande, onde bairros inteiros foram alagados, e no Complexo do Alemão. Veja a relação:
- Jardim Maravilha/Margaça – 120 famílias atendidas até o momento (sete pediram acolhimento)
- Parque Everest: 250 famílias atendidas. Destas, 41 tiveram as casas interditadas, mas não quiseram acolhimento.
- Morro dos Macacos: 4 famílias desalojadas
- Quintino: 1 família desalojada e dois óbitos
- Martin Luther King: 4 famílias desalojadas (sem demandas)
- Cascadura: 1 família desalojada (1 óbito – adolescente de 15 anos)
- Jacarezinho: 16 famílias atendidas, mas sem demandas
- Ouro Preto: 4 famílias desalojadas (sete casas interditadas e três famílias não estavam no local)
- Serrinha: 25 famílias desalojadas, que vão receber cesta básica
- Morrinho: 10 famílias desalojadas, que vão receber cesta básica
- Cordovil: 4 famílias desalojadas
A Subsecretaria de Defesa Civil recebeu, das 22h de quarta (14) até as 16h50 de quinta, 631 chamados para realização de vistorias em edificações. Até o fim da tarde, 182 ocorrências emergenciais haviam diso atendidas. Após análises, os técnicos interditaram 51 imóveis, sendo 41 no Complexo do Alemão e 10 em Cascadura.
Resumo dos danos causados pela chuva:
- 4 pessoas morreram
- 350 famílias desalojadas (mais de 2 mil pessoas)
- 51 imóveis interditados (muitos ainda não foram vistoriados)
- falta de luz em vários bairros (algumas regiões estão sem energia desde a noite de quinta)
- queda de trecho da ciclovia Tim Maia (vice-prefeito atribuiu a erro de projeto)
- da Europa, prefeito Marcelo Crivella disse estar ‘atento’
- Rio ficou 5 horas em ‘estágio de crise’
- Choveu em 1 hora (de 0h a 1h) o máximo registrado em 21 anos
- 77 sirenes foram acionadas em 44 comunidades
- 7 mil raios foram registados
- 35 árvores ou postes desabaram
- queda de dirigível e alagamentos interromperam trens
- Cinco prédios da Justiça foram interditados por alagamentos
- Seis hospitais sofreram estragos e prejuízo no atendimento
- Polícia Federal suspendeu emissão de passaportes no Galeão
Mortes
Dois moradores de Quintino, na Zona Norte do Rio, morreram. Segundo vizinhos, a água invadiu as casas como “um tsunami”. Os moradores que dividiam o terreno com Marcos Garcia, de 59 anos, e Jupira Magalhães, de 62, ficaram chocados com o que ocorreu. A força da água derrubou um muro em cima de uma das vítimas.
Em entrevista à GloboNews, o vizinho de Marcos e Jupira contou que a chuva invadiu sua casa por volta das 1h15. Segundo ele, a água demorou 40 minutos para baixar.
“Foi horrível, foi horrível. A água subiu mais de dois metros do outro lado, arrebentou o meu quarto, e saiu como um tsunami de dentro dali”, afirmou o rodoviário Edmar da Silva.
O temporal também matou outras duas pessoas: um adolescente de 15 anos em Cascadura, e um sargento da PM que teve o carro atingido por uma árvore em Realengo.
Estágio de crise e chuva recorde
A chuva causou interdições, falta de energia, alagamentos e derrubou um trecho da ciclovia Tim Maia. A prefeitura recomendou à população que evitasse circular na cidade pela manhã.
Nos primeiros minutos da quinta-feira, o município entrou em estágio de crise, o mais grave em uma escala de três níveis. Após cerca de cinco horas, às 5h30 a cidade retornou ao estágio de atenção, mas várias vias seguiram interditadas e serviços ficaram suspensos, como trens e o BRT.
Segundo dados do Alerta Rio, em uma hora (de 0h à 1h), foram registrados 123,6 mm de chuva na estação Barra/Riocentro. Este é o maior volume de chuva registrado, no período de uma hora, na série histórica. O órgão armazena os dados de chuva do município desde 1997. Antes, o recorde de chuva em uma hora havia sido de 116,2 mm, em Campo Grande, em 19 de março de 2000.
Prefeito no exterior
O prefeito Marcelo Crivella não está no Rio. Desde o início do carnaval, ele está na Europa. A previsão é que ele volte na sexta-feira (16) ao Rio. Nesta quinta, ele postou uma mensagem em que diz estar ‘acompanhando a situação’ e ‘atento’ a emergências.
O vice-prefeito, Fernando Mac Dowell, esteve à tarde em São Conrado, onde um trecho da Ciclovia Tim Maia desabou – um outro trecho desabou em abril de 2016, causando duas mortes.
“O projeto está errado. Tem que fazer todo o dimensionamento outra vez. A ciclovia caiu porque não foi dimensionado adequadamente”, opinou.
Segundo informações da GloboNews, o Ministério Público Federal já havia conseguido na Justiça a interdição da Ciclovia Tim Maia, mas a Prefeitura do Rio recorreu e conseguiu a reabertura.
PF suspende emissão de passaporte no Galeão
Por causa da chuva, a Polícia Federal (PF) suspendeu a emissão de passaporte agendada para esta quinta-feira no posto do Galeão. Os registros de estrangeiros também não serão feitos.
A PF pede que as pessoas que tinham agendamento marcado nesta quinta não se desloquem até o aeroporto e afirma que o serviço já está sendo automaticamente reagendado – o atendimento será feito assim que o serviço seja restabelecido no local.
A nova data marcada estará disponível para o usuário no site www.dpf.gov.br. O atendimento nos demais postos ocorre normalmente.