Programa de formação política de estudantes do ensino médio, o Parlamento Jovem de Minas (PJ Minas) chega à sua 15ª edição em 2018. O projeto é realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com câmaras municipais e neste ano tem como tema a violência contra a mulher.
Além de discutir os desafios para o enfrentamento desse problema, os alunos também terão a oportunidade de conhecer melhor a política e os instrumentos de participação no Poder Legislativo.
“Parlamento Jovem com 15 anos: é bonito o que isso simboliza”, diz Fernanda Freitas, uma das coordenadoras estaduais do projeto. “Essa é a idade da transição na vida de um jovem e é o que o projeto também está vivendo”, completa.
Nascido em 2004, o PJ Minas era realizado apenas em Belo Horizonte. Em 2010, começou a ser ser levado a outros municípios e em 2014 passou a ser organizado em polos regionais. A edição de 2018 é marcada pela maior autonomia conferida a esses polos.
Atualmente participam do projeto 88 câmaras municipais, distribuídas em 16 polos. “O PJ Minas valoriza a formação política como instrumento para fortalecer o Poder Legislativo, que precisa da participação dos cidadãos para se consolidar. Por isso, a parceria entre o Parlamento estadual e os municipais é tão importante”, afirma Fernanda Freitas.
O novo formato, como explica a coordenadora, permite que os polos regionais tenham cada vez mais autonomia no estabelecimento de parcerias locais e na organização de eventos, debates, cursos e encontros.
Para o coordenador do Polo Zona da Mata 2 e Caparaó, Sérgio Peres Dutra, a tendência é de que as etapas regionais cumpram o papel que antes era exclusivo da etapa estadual: o de permitir que jovens de diferentes realidades locais dialoguem, identifiquem suas similaridades e diferenças e priorizem linhas de atuação.
Exemplos de participação cidadã
Ao lado de outras iniciativas que buscam maior envolvimento dos cidadãos com o Poder Legislativo (tanto em âmbito estadual como municipal), o PJ Minas contribui para a maior participação popular nas discussões de interesse de toda a sociedade.
Pedro Cuco, de Juiz de Fora (Zona da Mata), é um exemplo de como o projeto pode aumentar a participação cidadã. Hoje advogado e servidor público, ele participou do PJ Minas pela primeira vez em 2010 e desde então milita em movimentos sociais.
“A gente passa a entender melhor como funciona o Poder Legislativo, suas limitações e potencialidades. E percebemos principalmente que a sociedade civil precisa atuar e pressionar para que as propostas caminhem”, explica.
Quando Pedro Cuco conheceu o PJ Minas, 2010, foi o primeiro em que o projeto saiu de Belo Horizonte para ser realizado também no interior do Estado. Naquele ano, foram 12 câmaras municipais participantes.
“Isso é muito importante porque no interior a maioria das pessoas não está acostumada com a política da Capital, e às vezes é só atuando em articulação com pessoas de fora da sua cidade que você consegue alcançar melhorias para o local onde vive”, diz.
Para o advogado, a interação com jovens de outros municípios permitiu a percepção de que os problemas da sua cidade eram também vivenciados por pessoas de outras regiões e que era necessário buscar soluções mais abrangentes.
Durante o trabalho, os jovens ainda participam de cursos de formação, estudam e aprendem sobre o tema do ano, que em 2010 era “resíduos sólidos e meio ambiente”. Debater o assunto aproximou Pedro Cuco de associações municipais de catadores de materiais recicláveis, com quem ele realiza trabalhos até hoje.
Aprendizado – Ao longo dessas 15 edições, muita gente cresceu junto com o PJ Minas. Marina Borges, de Juiz de Fora, também participou em 2010 e repetiu a dose no ano seguinte.
Não satisfeita, foi monitora do trabalho por mais dois anos e, já na faculdade, fez estágio na Câmara Municipal. Hoje, é servidora pública e diz que foi com o projeto que conseguiu entender como funciona o Poder Legislativo.
E esse não foi o único aprendizado de Marina Borges. “Na época, eu tive a oportunidade de ir a Belo Horizonte representando meu município e fiz parte da mesa diretora na plenária estadual. Aprendi sobre liderança, negociação e trabalho em equipe”, afirma.
Entusiasta do projeto, Marina diz que foi uma das experiências mais ricas da sua vida e que agora trabalha em um manual para futuros monitores do PJ Minas.
Plenária final deste ano será em setembro
As câmaras municipais participantes da edição 2018estão em fase de mobilização local, estabelecimento de parcerias, seleção de monitores e definição de estudantes que participarão do projeto.
A partir de março, começarão as oficinas de formação e discussões sobre o tema do ano, que culminam na elaboração de propostas nas plenárias municipais, onde serão priorizadas aquelas que serão discutidas e votadas nas plenárias regionais até agosto. Em seguida, as propostas priorizadas serão encaminhadas pelos 16 polos, para consolidar um documento a ser discutido e votado na plenária estadual, em setembro, na ALMG.