“Toca nesse tom que é bom à beça /Tempo não tem pressa de passar”. A letra de “Amor e Música”, faixa-título do novo disco de Maria Rita, sintetiza bem não apenas o momento atual da cantora, mas toda a sua trajetória. “Amor e música, para mim, são a mesma coisa. É o que explica a minha vida, o ponto de partida para o meu entendimento pessoal”, sublinha a artista, que apresenta o álbum pela primeira vez em Belo Horizonte, neste sábado (14), no Km de Vantagens Hall.
Lançado no início deste ano, “Amor e Música” crava o lugar de Maria Rita entre as grandes intérpretes de samba do Brasil, mas a paixão pelo ziriguidum não vem de hoje, como ela faz questão de ressaltar. “Eu posso dizer que a minha paixão pelo samba se solidificou com ‘Samba Meu’, em 2007. Depois, vieram dois discos de MPB na entressafra e então gravei ‘Coração a Batucar’ (2014). Ali, entendi que sou mais completa, plena e relevante enquanto cantora como intérprete de samba. A escolha por ‘Amor e Música’ ser outro disco exclusivamente do gênero vem desse entendimento”, explica a cantora.
Repertório
O álbum tem direção e produção de Maria Rita e foi coproduzido por Pretinho da Serrinha em cinco faixas. Traz ao todo 12 canções, compostas por amigos e parceiros como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Marcelo Camelo, Carlinhos Brown, Moraes Moreira e Davi Moraes, entre outros. “É importante lembrar que esse disco nasceu das cinzas do DVD que seria um material de celebração dos meus 40 anos de vida e 15 de carreira. Já tinham algumas músicas de Camelo e do Pretinho da Serrinha, grande amigo que eu convidei para produzir este material em vídeo”, afirma, lembrando que o projeto acabou não se concretizando.
“Quando o DVD não saiu, trouxe algumas músicas para o disco e saí em busca de repertório. Liguei para os amigos e logo as canções começaram a chegar. Foi um processo muito suave, uma escolha por instinto, como faço sempre. Só depois fui perceber que muitas canções tinham mensagens que eu precisava ouvir naquele momento. Tomei um susto! ‘O que eu fiz, estou dando bronca em mim mesma’”, brinca a cantora, fazendo referência ao teor lírico das músicas.
Entre as mensagens, a cantora destaca a faixa-título, canção de Moraes Moreira que ganhou novo arranjo ao lado do marido e parceiro Davi Moraes, filho do compositor. “O arranjo me veio à cabeça e pedi ao Davi para tocar a música em samba. Na hora, nos olhamos e ficamos arrepiados. Pensei: ‘É isso’”, conta. “A mensagem me emociona profundamente. Traduz a minha vida e veio como um símbolo desse momento, dessa história do DVD, de dar a volta por cima e focar adiante”.
No palco
Sobre o espetáculo, Maria Rita afirma que o repertório é pautado pelo novo álbum, mas também abarca sambas de outros discos. “É um show muito bonito, colorido, iluminado. É para cima, mas abre possibilidade para a contemplação. Brinco que é um show de entrelinhas. Se você quiser, as mensagens estão lá, para sair pensando a respeito; mas se quiser só jogar os braços para cima e curtir, está valendo também”, diz a filha de Elis Regina, que aproveita o momento para revelar detalhes de sua relação com a capital mineira.
“Eu amo BH, desde criança. Acho que tem muito a ver com o fascínio que eu sempre tive por Milton. Ele e minha mãe eram loucos um pelo outro, e herdei essa paixão. Além disso, o começo da minha carreira passou muito por aí, onde fui acolhida pela banda do Milton, pela Marina Machado, pelo Flávio Henrique. Tenho um carinho muito grande por tudo que já vivi por aí”, finaliza.
Serviço: Maria Rita apresenta “Amor e Música”. Sábado (14), às 22h, no Km de Vantagens Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230 – São Pedro). Ingressos: entre R$ 40 e R$ 120.