Países da América Latina e do Caribe firmaram novo compromisso para promover o desenvolvimento sustentável na região e identificaram o combate à pobreza, em especial à pobreza extrema, como o maior desafio.
O compromisso está no documento final da 2a Reunião
Articulado pela Comissão Econômica para a região (Cepal), o evento reuniu representantes de governos, empresas e organizações da sociedade civil para discutir a Agenda 2030, conjunto de metas elaborado em 2015 a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) para promover maior inclusão social nos continentes.
A Agenda 2030 trabalha com 17 objetivos, entre os quais, erradicação da pobreza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia acessível e limpa; trabalho decente e crescimento econômico e indústria, inovação e infraestrutura, consumo e produção responsáveis e redução das desigualdades.
Pobreza e desigualdades
“Considerando as dificuldades da região para alcançar o desenvolvimento sustentável, em particular, a pobreza, as desigualdades, a elevada dívida global e a redução dos níveis de cooperação internacional, destacamos a necessidade de acelerar tanto o ritmo de implementação quanto o de conscientização sobre os ODS em todos os níveis”, destaca o documento.
Segundo estudo da Cepal divulgado no evento, no ano passado, ainda havia 187 milhões de pessoas em situação de pobreza, sendo 62 milhões em pobreza extrema.
Mesmo nos países de renda mais elevada, a desigualdade segue como um fenômeno recorrente na região. As melhoras ocorridas na economia mundial não teriam chegado a todos os setores. De acordo com o estudo, a superação desse quadro estaria na majoração de investimentos em políticas sociais e na ampliação das oportunidades.
Outra temática considerada importante para o cumprimento da Agenda 2030 é a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres. “Recomendamos maior integração do enfoque de gênero nas políticas e estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável”, sugere o relatório final do encontro.
Recursos naturais
Ainda conforme as conclusões do evento, o crescimento e a oferta de serviços públicos, como saneamento e energia, devem estar combinados com a preservação do meio ambiente. “Reconhecemos a necessidade de promover uma mudança estrutural progressiva rumo a um desenvolvimento sustentável para proteger os ecossitemas e a biodversidade, reduzir o desmatamento, combater a desertificação e degradação das terras e fomentar estratégia de usos sustentáveis dos recursos naturais.”
Nesse âmbito, o documento recomenda que se dediquem mais esforços à redução de riscos de desastre mais amplo e inclusivo. A preocupação primordial das medidas deve estar nas pessoas, assegurando políticas públicas claras para mitigar esses riscos e recursos disponíveis para essas ações de prevenção e reconstrução de áreas e estruturas danificadas.
Cooperação internacional
O texto defende um olhar mais atento das Nações Unidas aos países de renda média, perfil da América Latina e do Caribe, sede de 73% da população mundial. As deficiências dos países da região devem ser examinadas nas instâncias da ONU e ser objeto das assembleias da organização, acrescenta o estudo.
No âmbito da cooperação internacional, permanecem dificuldades provenientes das restrições de acesso a condições econômicas adequadas pelos países de renda média. Para alterar esse quadro, os governos chamam a atenção para a importância de repasses de países mais ricos a título de assistência para o desenvolvimento.