O sistema de buscas do Google completa 20 anos em 2018, mas mostra que ainda tem muito a contribuir na relação entre o usuário e a rede mundial de computadores. Mais de 80% da receita da empresa ainda é gerada pela tecnologia, segundo o presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho. O segredo tem sido não parar no tempo. Se há 20 anos a máquina de busca era a melhor opção para procurar links na internet, hoje ela oferece uma experiência cada vez mais customizada.
Durante comemoração nesta terça-feira (24), em São Paulo, o Google lançou novidades em seu mecanismo de busca para o mercado brasileiro. Agora, quando a máquina identifica várias pesquisas referentes a um mesmo tema, são apresentadas opções de imagens e links relacionados. “Se um usuário busca por Neymar e depois por Messi, a pesquisa vai mostrar um carrossel com fotos de outros jogadores”, exemplifica o engenheiro-chefe de buscas do escritório de Belo Horizonte, Bruno Pôssas. A nova funcionalidade foi 100% desenvolvida pela equipe brasileira e lançada nos Estados Unidos em dezembro de 2017. Segundo Pôssas, ela já atinge 0,5% das buscas diárias do sistema no mundo.
O público brasileiro também passará a ter, já no mês que vem, a apresentação de imagens relacionadas a pesquisas recentes. “Quando não é possível inferir uma ligação direta entre as pesquisas do usuário, um conteúdo relacionado é oferecido para enriquecer as respostas”, afirma Pôssas. As novidades visam aprimorar o que a empresa chama de “painel de conhecimento” – resultados complementares e relacionados à pesquisa, com o objetivo de ampliar a interação com o internauta. “Hoje o usuário faz uma busca e explora todo o conteúdo que oferecemos”, acrescenta o diretor de engenharia do Google para a América Latina e chefe do escritório da empresa em Belo Horizonte, Berthier Ribeiro-Neto.
Contexto é tudo
Entre os desafios da ferramenta de busca, destaca-se a utilização cada vez maior dos smartphones. Segundo o Google, 50% das pesquisas já são feitas via celular. “Com a revolução do mobile, o contexto é tudo. As buscas consideram a localização da pessoa, se ela está em movimento ou não. Tem opções de busca por voz e oferece respostas mais diretas, com imagens e textos explicativos sobre o que foi perguntado – não mais apenas uma lista de links onde buscar a resposta”, detalha Ribeiro-Neto. Entre os exemplos citados pelo executivo está a busca por cinema e por filmes em cartaz, que oferece sempre resultados mais próximos do local onde a pesquisa foi feita.
A máquina aprende
A capacidade de gerar resultados cada vez mais assertivos está diretamente relacionada à utilização de inteligência artificial e aprendizado de máquina, segundo os executivos do Google. “Cerca de 15% das pesquisas que o Google recebe são inéditas. Uma parte são buscas mal redigidas, mas boa parte é coisa nova mesmo. E o aprendizado de máquina é fundamental na hora de buscar respostas para perguntas novas, complexas ou muito específicas”, conta o engenheiro Bruno Pôssas.
A inteligência artificial também ajudou no avanço da pesquisa por voz e do Google Assistente, segundo a gerente de marketing da empresa, Lauren Pachaly. “Em menos de um ano, os erros do reconhecimento de voz foram reduzidos em 50%”, conta. “Há cinco anos, o reconhecimento de voz era um problema complexo, dependia de cada usuário inserir várias sentenças no sistema para calibrar. Com o aprendizado de máquina, esse cenário mudou”, complementou Berthier Ribeiro-Neto. O presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho, citou o CEO mundial da empresa, Sundai Pichai, ao afirmar que nos próximos dez anos seremos um mundo inserido na inteligência artificial. “E esse futuro já chegou, só não está distribuído igualitariamente ainda”, concluiu Coelho.
Prata da casa
Local
O escritório do Google em Belo Horizonte, que tem 150 engenheiros de software – 70 dedicados ao sistema de busca –, é um dos principais desenvolvedores. (O Tempo)