Agência Brasil
Desde que anunciou a retomada das negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente da Argentina, Mauricio Macri, recebeu apoio de diversos países, inclusive alguns inesperados, como o do governo da China. O presidente Xi Jinping se uniu ao Departamento do Tesouro norte-americano e aos governos do Brasil, do Chile, da Espanha e do Japão.
Xi Jinping não só manifestou seu “firme apoio” aos esforços do governo argentino por manter a estabilidade econômica, como também ofereceu ajuda, se necessário. No comunicado, o governo chinês elogia Macri por ter adotado medidas “oportunas e enérgicas” para lidar com os “fatores externos”. No caso, os aumentos das taxas de juros nos Estados Unidos e do preço do barril de petróleo no mercado internacional que impactaram vários países emergentes, além da Argentina.
O governo argentino decidiu recorrer ao fundo em busca de apoio externo para equilibrar a situação financeira do país. O ministro da Economia, Nicolas Dujovne, anunciou que já conversou com a diretora executiva do FMI, Christine Lagarde, sobre a possibilidade de um “empréstimo preventivo”, a taxas mais baixas que as do mercado.
Após enfrentar diversas crises e já ter tido necessidade de recorrer ao FMI outras vezes, o povo argentino acompanha com muita atenção todas as ações do governo na economia. “Na Argentina, termos como FMI e crédito stand-by fazem parte do jargão popular e são sinônimos de ajuste e crise”, explica com o humor típico argentino, o analista político Rosendo Fraga.
Para Fraga, a decisão de Macri em recorrer ao fundo terá um preço em sua popularidade e no xadrez político do país. “O presidente Mauricio Macri pagou um preço político por ter recorrido, esta semana, ao Fundo – uma organização, que é rejeitada pela maior parte dos argentinos e inclusive por dois de cada três simpatizantes da coalização governista de centro-direita, o Cambiemos. No inconsciente coletivo, FMI e uma má palavra”, diz Fraga.
O economista Gaston Rossi disse que a expectativa é que o FMI exija o estabelecimento de determinadas metas econômicas, como a redução do déficit fiscal, que atualmente representa 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e que o governo espera cortar pela metade. “Mas dentro de um contexto de mudança de cenário externo, a Argentina se viu forçada a buscar assistência do Fundo para tentar acalmar os mercados. Agora o fundamental é mudar o ânimo dos investidores”, afirmou Rossi.