Com a escalada do preço da gasolina, muitos consumidores têm encontrado no álcool (etanol) a alternativa para continuar tirando o carro da garagem sem estourar o orçamento. No entanto, muita gente tem dúvida sobre o abastecimento com o combustível verde. Prejuízos ao motor e danos ao veículo fazem parte do folclore alimentado por “entendedores” de automóveis que filosofam sobre a matéria nos botequins e outras rodinhas de lorotas.
Na verdade, a única proibição para o uso do etanol é se o automóvel tiver motor com uso exclusivo de gasolina. Atualmente são poucos automóveis comercializados no Brasil que queimam apenas gasolina. Geralmente são importados. A grande maioria dos modelos fabricados a partir da segunda metade da década de 2000 utiliza motores flexíveis.
E para ter certeza de que seu carro é flex não é preciso levá-lo ao mecânico. Basta abrir a tampa do reservatório de combustível. Nele estará grafado de forma bem legível se o motor é flex ou não. A dúvida também pode ser tirada no Certificado de Registro de Licenciamento de Veículo (CRLV), onde consta qual ou quais combustíveis podem ser utilizados.
Transição
Muitos proprietários têm medo de trocar de combustível de uma hora para outra, na crença de que a mudança pode provocar algum tipo de dano ao automóvel. Balela. Não existe nenhum tipo de “preparo” ou rito de transição para trocar gasolina pelo álcool. Os motores bicombustíveis são projetados para rodar tanto com álcool, como gasolina, ou ambos em qualquer proporção, independentemente do tempo que o motor foi utilizado exclusivamente com um ou outro.
E como o carro sabe se há gasolina ou álcool no tanque? Os carros flexíveis são equipados com uma sonda lambda, montada na tubulação de escapamento. Essa sonda lambda é capaz de identificar se aquele gás expelido é de álcool, gasolina ou misturado. Isso porque gasolina e álcool têm octanagem diferentes, sendo que o etanol é mais resistente à queima. Essas informações são encaminhadas para a central eletrônica, que ajusta o fluxo de alimentação e ponto de ignição para ajustar o funcionamento. Na prática é imperceptível.
Vale lembrar que, como o álcool é mais resistente à queima, a central eletrônica injeta mais combustível nas câmaras de combustão. Em muitos modelos isso resulta num ganho de potência, mas também aumenta o consumo, reduzindo a autonomia.
E no frio?
A única atenção extra que o motorista deve ter com o carro abastecido com álcool é manter (caso exista) o reservatório de partida a frio abastecido. É o famoso tanquinho, que fica geralmente instalado sob o capô. Sua função é garantir a partida em baixas temperaturas, uma vez que o álcool resfriado é ainda mais difícil de detonar.
Para o tanquinho, é recomendável encher com gasolina aditivada, de preferência daquelas mais sofisticadas, pois têm vida útil de 18 meses, contra 90 dias da gasolina convencional. Muitos modelos mais recentes já aboliram o tanquinho e utilizam um sistema de aquecimento das galerias, o que permite a ignição apenas com álcool, mesmo em dias frios.
Ou seja, pode encher o tanque de álcool sem medo.