Se a greve dos caminhoneiros acabasse agora, o abastecimento de combustíveis nos postos ainda demoraria mais cinco dias para voltar ao normal. A estimativa é da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), que representa cerca de 40 mil postos em todo o Brasil. “Essa estimativa considera um ambiente de rodovias desobstruídas, sem ameaças, pois o processo não é rápido. Assim que o carregamento for liberado, os caminhões têm que ir até às bases de Betim e nas demais do Estado, carregar e depois levar aos postos. E praticamente todos os postos de Minas estão sem nenhum combustível”, explica o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda.
Segundo o Minaspetro, sindicato que representa os revendedores de combustíveis no Estado, 92% dos postos de todo o território mineiro estão desabastecidos. A situação é mais grave na região metropolitana de Belo Horizonte, no Sul de Minas, na Zona da Mata e no Triângulo Mineiro.
Miranda explica que o Estado conta hoje com uma frota de 600 a mil caminhões-tanque, com capacidade de 15 mil litros e de 30 mil litros, dependendo do modelo. “As distribuidoras têm capacidade para encher cerca de cem caminhões por hora. Só a BR tem 20 bombas, mesmo assim, vai demorar, pois cada veículo leva em média uma hora apenas para abastecer, sem contar o tempo na fila.”
E a fila será grande. Miranda afirma que as distribuidoras estão com os tanques lotados de combustível, só esperando a liberação das rodovias para carregar e levar aos postos. “O problema é que não conseguimos retirar das bases. A situação é gravíssima”, diz.
O chefe de pista de um posto na Via Expressa, na capital, Victor Oliveira, disse que está difícil convencer os motoristas de que não há gasolina, nem diesel, nem etanol para vender. Na manhã deste sábado (26), vários consumidores formaram uma fila enorme. A gente fala que não tem previsão nenhuma, mas eles insistem em esperar”, conta Oliveira. Cansados de esperar, os motoristas desistiram no meio da tarde. Ainda assim, os funcionários do posto, cerca de 12 pessoas, permaneceram no local. Sem absolutamente nenhuma gota para vender, eles passaram a manhã limpando o local. “Até o teto nós já limpamos hoje”, conta um funcionário. (O Tempo)