O míssil usado para derrubar o voo MH17 da Malaysia Airlines em 17 de julho de 2014, quando o avião sobrevoava o leste da Ucrânia, pertencia às Forças Armadas da Rússia. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (23) pelo chefe da brigada criminal da polícia holandesa, Wilbert Paulissen, que investiga a tragédia.
A explosão do aparelho em pleno voo causou a morte dos 283 passageiros e 15 tripulantes, a maioria holandeses, durante o conflito armado entre separatistas ucranianos da região de Donetsk, apoiados pela Rússia, e o exército ucraniano. O voo comercial fazia a ligação entre Amsterdã e Kuala Lumpur, na Malásia.
Os investigadores concluíram que o míssil “Buk-Telar” estava sob o controle da 53ª Brigada antiaérea do exército russo, disse Paulissen. “Todos os veículos do comboio transportando o míssil faziam parte das forças russas”, acrescentou o oficial holandês durante uma conferência de imprensa transmitida pela televisão. Segundo Paulissen, o Buk tem “uma série de características únicas que criam uma espécie de impressão digital para um míssil”.
Em setembro de 2016, investigadores internacionais já haviam concluído que o míssil havia sido enviado da Rússia para uma área controlada pelos separatistas no leste da Ucrânia. No entanto, eles não revelaram quem disparou o míssil. Até agora, a equipe internacional recriou meticulosamente a rota utilizada pelo comboio militar, que partiu de Kursk, na Rússia, em direção à fronteira ucraniana. O deslocamento está registrado em fotos e vídeos.
Os promotores que trabalham no inquérito disseram que reduziram para “algumas dezenas”, e não mais uma centena, o número de pessoas investigadas no caso do voo MH17.
Moscou, que apoia os rebeldes separatistas da Ucrânia Oriental, sempre negou qualquer participação no acidente com o aparelho da Malaysia Airlines, acusando a Ucrânia pelo desastre.
Fase final da investigação
O investigador-chefe Fred Westerbeke disse nessa quinta-feira que a investigação está em sua “fase final”, acrescentando que “ainda há trabalho a ser feito”. “Nos últimos anos, nós recolhemos muitas evidências, mas ainda não estamos prontos para prosseguir com as acusações”, afirmou.
As autoridades holandesas anunciaram que o julgamento de qualquer suspeito detido no caso acontecerá na Holanda, conforme um acordo fechado entre os países que participam das investigações.
Encontro entre Macron e Putin
O conflito no leste da Ucrânia deve ser um dos assuntos espinhosos a serem discutidos nesta quinta-feira entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e Vladimir Putin, em São Petersburgo.
A viagem de Macron à Rússia tem o principal objetivo de discutir a salvação do acordo nuclear iraniano, que também é apoiado por Moscou. Mas o presidente francês deve tentar conversar com Putin sobre assuntos em que os dois divergem: não apenas o conflito na Ucrânia, mas a guerra na Síria, em que França e Rússia estão em lados opostos do front.(RFI)