Um computador conseguiu detectar melhor do que médicos dermatologistas o câncer de pele, anunciou uma equipe de pesquisadores nesta terça-feira (29).
Especialistas da Alemanha, França e Estados Unidos testaram esse sistema de inteligência artificial que foi submetido a mais de 100.000 imagens de lesões e pintas na pele para que pudesse distinguir entre benignas e alarmantes.
Os resultados do computador foram comparados com os de 58 especialistas médicos de 17 países.
“A maioria dos dermatologistas fez pior” do que o computador, escreveram os pesquisadores na revista Annals of Oncology.
Com uma simples fotografia de 100 casos julgados complicados, os médicos identificaram corretamente, em média, 87% dos melanomas que lhes foram apresentados.
A porcentagem aumentou para 89% ao examinar planos maiores e ter informações detalhadas (idade e sexo do paciente, localização da lesão da pele).
Mas a máquina fez melhor, com 95% dos melanomas detectados a partir da primeira série de fotografias.
O computador não apenas “perdeu menos melanomas”, como também “cometeu menos erros no diagnóstico de melanomas em pintas benignas”. Algo que permitiria “reduzir as operações desnecessárias”, ressaltou o professor Holger Hänssle, da Universidade Alemã de Heidelberg, em um comunicado.
Para os pesquisadores, não se trata de dispensar os médicos em benefício da inteligência artificial, mas de fazer disso um “instrumento complementar”.
“Atualmente, nada pode substituir um exame clínico em profundidade”, lembraram dois professores australianos em Dermatologia, Victoria Mar e Peter Soyer, em um comentário publicado junto ao estudo.
Segundo o Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS), 232 mil casos de melanoma maligno são identificados anualmente no mundo, resultando em 55 mil mortes.
Esse tipo de câncer “pode ser curado se for detectado precocemente, mas muitos casos não são diagnosticados até que o câncer esteja mais avançado e seja mais difícil de tratar”, segundo os pesquisadores.