Deutsche Welle com RC/afp/rtr
A União Europeia aplicou nesta sexta-feira (22/06) tarifas sobre importações de produtos americanos no valor de 2,8 bilhões de euros, em resposta às sobretaxas impostas por Washington ao aço e alumínio europeus. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump já ameaçou retaliar, tendo como alvo o setor automobilístico europeu.
A reação europeia gerou novas inseguranças no mercado financeiro mundial, que já andava alarmado com as tensões comerciais entre os EUA e a China, além do Canadá e do México. Agentes alfandegários europeus trabalham para implementar as tarifas que vão aumentar os preços dos produtos americanos em supermercados e no setor industrial.
“Essas medidas são consequência lógica da decisão americana”, declarou o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire. “São uma demonstração de uma Europa resoluta e de princípios.” A comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmström, afirmou esta semana que o bloco europeu “não teve alternativa” a não ser impor suas próprias tarifas, em resposta a “decisão unilateral e injustificada” de Washington.
Bruxelas elaborara já em março a lista de produtos a serem sobretaxados, após Trump ameaçar impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio, que atingiram diretamente países aliados como Canadá e México.
A lista da UE não menciona especificamente quais marcas americanas seriam alvos das novas tarifas, mas o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, mencionara que entre elas estavam a fábrica de motocicletas Harley-Davidson, os jeans Levi’s e bebidas alcoólicas como o uísque bourbon. Outros alvos seriam sucos de cranberry e de laranja, milho doce e pasta de amendoim, entre outros.
Nesta quinta-feira, Juncker comentou que a decisão americana de impor as tarifas “contraria toda lógica e história”. “Nossa resposta deve ser clara, mas proporcional. Faremos o que tivermos que fazer para obter reequilíbrio e salvaguardas.”
O vice-presidente da Comissão, Jyrki Katainen, assegurou que os consumidores europeus não deverão sentir o impacto das tarifas sobre os produtos americanos. “Se escolhemos produtos como Harley Davidson, pasta de amendoim e bourbon, é porque há alternativas no mercado. Não queremos fazer nada que possa atingir os consumidores.”
Pouco depois do anúncio das tarifas europeias, Trump já ameaçava impor taxas de 20% sobre os automóveis europeus importados pelos EUA. “Se essas tarifas e barreiras não forem rompidas e removidas, colocaremos 20% sobre os carros deles que entram nos EUA. Fabriquem-nos aqui”, postou o presidente no Twitter.
O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, afirmou nesta quinta-feira que o órgão deverá concluir entre julho e agosto uma avaliação sobre possíveis riscos à segurança nacional americana que a importação de automóveis e peças possa ou não representar.