“Deus ajuda quem cedo madruga”. O ditado popular brasileiro acredita que há uma interferência divina positiva na vida daqueles que acordam cedo. Será que existe mesmo algum benefício em “madrugar”? Um estudo publicado no periódico científico Journal of Psychiatric Research, em meados de junho, afirma que sim.
De acordo com pesquisadores da Universidade de Colorado Boulder e do hospital Brigham and Women, ambos dos Estados Unidos, as pessoas que acordam cedo têm entre 12% e 27% menos chances de desenvolver depressão em relação àquelas que não têm esse hábito.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas americanos observaram dados de um estudo populacional chamado Nurses’ Health Study II, feito nos EUA com 32 mil enfermeiras com média de idade de 55 anos – o foco era identificar fatores de risco para doenças crônicas em mulheres. “Nossos resultados mostram uma ligação modesta entre os hábitos de sono e depressão, mas isso também pode estar relacionado a fatores genéticos”, comenta a pesquisadora Céline Vetter, da Universidade de Colorado Boulder, autora da pesquisa, em matéria divulgada no site da instituição de ensino.
Foram avaliados os hábitos de vida dessas profissionais de saúde, como tempo de exposição à luz, horário de trabalho, sedentarismo, peso e duração do sono.
Vale dizer que estudos anteriores mostraram que os notívagos tinham duas vezes mais chances de sofrer de depressão. Mas, como essas pesquisas, frequentemente, não explicavam quais fatores influenciariam o risco de depressão, tem sido difícil determinar se o transtorno mental leva as pessoas a ficarem acordadas até mais tarde ou se o ato de adiar o sono é que seria responsável pelo surgimento do problema.
As enfermeiras foram acompanhadas por um período de quatro anos para que fosse avaliado o desenvolvimento de depressão. Os pesquisadores descobriram que aquelas que mantinham um hábito noturno estavam menos propensas a serem casadas, vivam sozinhas e eram fumantes, sendo, então, mais aptas a terem padrões de sono erráticos.
Depois de contabilizar os diferentes fatores das voluntárias, o estudo descobriu que aquelas que acordavam cedo tinham até 27% menos risco de estarem deprimidas do que o grupo considerado intermediário – não dormiam cedo, mas também não iam para a cama tão tarde. Além disso, o estudo mostra que as notívagas tiveram um risco 6% maior de ter a doença do que as intermediárias.