Pelo menos 24 cidades em Minas Gerais registraram surto da síndrome mão-pé-boca neste ano. A doença que atinge principalmente crianças menores de cinco anos é caracterizada por lesões e bolhas nessas três partes do corpo, além de febre e dor de garganta.
Já são 577 casos em 2018, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Só em São João del-Rei, no Campo das Vertentes, foram 144 casos em 2018. Em Varginha, no Sul do Estado, foram 126. Em relação ao último boletim, em abril, quando eram 154 doentes, houve um incremento de 423 casos. Já quanto aos surtos, o número é quatro vezes maior do que o divulgado em abril, quando seis cidades comunicaram a ocorrência. Apesar de pouco conhecida até alguns meses atrás, a doença não é nova, mas está em evidência devido ao crescimento dos surtos neste ano.
“Nas crianças, a desidratação é a complicação mais frequente em virtude da febre e da ingestão inadequada de líquidos, uma vez que a síndrome provoca dor ao engolir. Por isso, é importante hidratar bem”, alerta a a referência técnica do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da SES-MG, Tânia Marcial.
Apesar dos números em ascenção, os registros podem ser ainda maiores, já que a notificação da síndrome mão-pé-boca não é compulsória. Apenas as situações de surtos são comunicadas às Secretarias de Saúde. Para ser considerado surto, é preciso a ocorrência de mais de dois casos em uma mesma região.
Em Belo Horizonte, até agora, foram registrados 35 casos em dois surtos, segundo a SMSA. O primeiro surto foi encerrado no dia 17 de abril e o segundo no dia 30 do mesmo mês.
A empresária Juliana Malheiros Nogueira de Oliveira, de 40 anos, tem um casal de gêmeos, de um ano. Os dois estão se recuperando da síndrome mão-pé-boca e praticamente não têm mais manchas. “Assim que um começou a empolar, liguei e levei na médica deles. De cara, falou da síndrome, mas pediu exame de sangue para descartar a hipótese de dengue por causa dos sintomas parecidos”, revelou Juliana.
Primeiro foi o pequeno David que começou com os sintomas e, em seguida, a menina Giovana.”Eles tiveram febre alta de 38.5ºC e 39ºC. Depois o corpo empolou todinho, deu umas bolinhas, que dão a impressão de ser sarampo. Depois elas estouram e viram feridas, cicatrizam e o corpo fica cheio de casquinhas pretas, dando a impressão de catapora no final do ciclo. A boca fica bem ferida, a criança fica salivando e babando, o que faz ferir ainda mais. A garganta também ficou irritada e eles tiveram dificuldade para comer”, contou a mãe.
Ela disse que não se desesperou porque já tinha ouvido falar da síndrome. “Um priminho meu de dois aninhos pegou a doença há uns três meses e acompanhei de perto. Também no consultório da pediatra já ouvi comentários de crianças com essa virose”, afirmou.
Transmissão e prevenção
Os vírus causadores da síndrome podem ser encontrados na saliva, nas secreções e nas fezes. Dessa forma, a transmissão ocorre por meio de contato direto com o doente ou com objetos que possam ter sido contaminados por ele.
“O período de incubação do vírus é de 4 a 6 dias. Geralmente a doença inicia-se com febre de 38°C a 38,9°C. Um a dois dias depois aparecem aftas dolorosas e gânglios aumentados no pescoço. Depois pode surgir nos pés e nas mãos uma infecção moderada sob a forma de pequenas bolhas não dolorosas, de cor acinzentada com base avermelhada. Essas lesões podem aparecer também na área das coxas e nádegas e eventualmente podem coçar”, informa Tânia Marcial.
Ainda conforme Marcial, os sintomas desaparecem após cerca de sete dias, mas as bolhas na boca podem permanecer até quatro semanas.
Como não existe vacina, a orientação é seguir dicas simples de higiene como lavar as mãos frequentemente com sabão e água, especialmente depois de trocar fraldas e usar o banheiro; limpar e desinfetar superfícies tocadas com freqüência e itens sujos, incluindo brinquedos; evitar contato próximo, como beijar, abraçar ou compartilhar utensílios ou xícaras das crianças que estejam doentes.
Além disso, as crianças devem ficar em casa, sem ir a escola, enquanto durar a infecção. Deve-se dar preferência a alimentos pastosos e evitar a ingestão de comidas ácidas, muito temperadas ou muito quentes.
Tratamento
Na maior parte dos casos, o tratamento é realizado com antitérmicos e anti-inflamatórios. O ideal é que o paciente permaneça em repouso, tome bastante líquido e alimente-se bem, apesar da dor de garganta.
Em casos raros, podem ocorrer outras complicações, segundo Marcial, como meningite viral e paralisia flácida aguda.