Entre os vários temas discutidos no Seminário Internacional “Compartilhando águas: do local ao global”, realizado pelo Instituto Espinhaço no município de Ipatinga nos dias 20 e 21 de fevereiro de 2018, trago hoje para o conhecimento e a reflexão de nossos leitores e nossas leitoras a questão apresentada na palestra “Água e Gestão Cultural Integrada de Território – Oportunidades e Desafios do Local ao Global”, que foi proferida por Luiz Oosterbeck, presidente do Instituto Terra e Memória e secretário geral do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas:
[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”left”]* Ele iniciou sua fala afirmando e frisando que “nenhuma das questões globais pode ser resolvida separadamente”, citando como exemplos: migração, fome, saúde, acesso à água potável, paz – ou seja: “A questão da água interage com todas as outras questões globais.”;
* As principais dificuldades para lidar com essas questões globais, especialmente no que se refere à água, são as seguintes: as respostas precisam ser globais, não é possível gerenciar uma dessas questões de forma isolada; as soluções técnicas são necessárias, mas precisam levar em conta os aspectos geográficos, humanos e históricos; é preciso perceber que as realidades locais são o que as pessoas realmente vivem, é necessário melhorar as realidades locais e fazer alianças em torno de soluções locais dentro de cada realidade;
* Muito se fala de “sustentabilidade”, mas para transformar esse conceito em uma realidade precisamos desenvolver uma “Ciência da Sustentabilidade”, integrando tecnologias, gestão de territórios, conhecimentos e liberdade com responsabilidade – para isso é necessário gerar programas de “Educação para a Ação Complexa”, buscando uma evolução das pessoas de forma que elas sejam capazes de lidar com os problemas do mundo real de forma eficiente, eficaz e criativa, é preciso aprender a “pensar fora da caixa” e trabalhar de forma a integrar os vários ramos do conhecimento e as mais variadas soluções tecnológicas em busca de maior equilíbrio e integração entre as pessoas, as comunidades e as nações.
DEPENDE DE CADA UM DE NÓS
Trazendo essa discussão para nosso dia-a-dia, vemos a necessidade de trabalhar os temas integração e sustentabilidade no contexto da nossa realidade local e regional, tanto em relação à questão da água quanto em relação aos outros temas tratados acima como “questões globais”.
Se observarmos com atenção veremos que a maioria das nossas organizações tem atuado de forma isolada e até certo ponto com uma postura egoísta, ignorando muitas vezes as opiniões de pessoas e os potenciais de parcerias com as demais organizações existentes em nossa sociedade. É inegável a grande dificuldade existente em nossas organizações para agir de forma integrada a outras organizações, tornando realidade as potenciais parcerias e tão desejada sinergia, que pode gerar resultados conjuntos muito maiores que a soma dos resultados alcançados de forma isolada pelas diversas organizações. Aliás, muitas vezes a integração e as parcerias não chegam a se concretizar ou gerar os potenciais resultados nem mesmo dentro de uma mesma organização, devido à intensidade com que vivenciamos nosso individualismo, tão arraigado e incentivado em nossas ações cotidianas.
Quando se trata da chamada “Educação para a Ação Complexa” – o “pensar fora da caixa”, então, aí ficamos quase todos perdidos, a começar pelo baixo índice de educação formal e ao limitado conhecimento tecnológico da maioria de nossos cidadãos, seja pela estrutura inadequada do nosso sistema educacional ou até mesmo pelo pouco interesse ou pouco incentivo em relação à ampliação dos conhecimentos ou da formação acadêmica de cada um de nós.
Outra atitude extremamente importante e necessária para o desenvolvimento pessoal, institucional, organizacional ou social e que também tem sido negligenciada é a participação nas várias instâncias de decisão e consequentemente a nossa capacidade de conviver com as diferenças. Ao que tudo indica, a maioria de nós tende a se isolar no seu “mundinho particular” e quando sofremos as consequências desse isolamento consideramos que a culpa é sempre “do outro”, quando o correto seria fazer primeiramente uma auto-avaliação, para percebermos o quanto nós mesmos somos responsáveis em cada situação, e em seguida buscarmos o diálogo com os demais para viabilizarmos formas de encontrar soluções para nossos problemas através de parcerias e até mesmo atingirmos a sinergia, lembrada há pouco em um parágrafo anterior.
Pode parecer que fugimos do foco proposto no título deste texto ou mesmo do tema apresentado na palestra comentada no início do texto, mas pode ter certeza, amigo(a) leitor(a), que é isso mesmo: só iremos desenvolver e colocar em prática nossa capacidade de gerir o nosso território, integrar nossas ações, buscar sustentabilidade e elevar nosso nível de educação, em todos os sentidos, quando entendermos que o caminho para isso passa, inevitavelmente pela mudança de atitude, buscando cada vez mais conhecimentos e melhorando cada vez mais nossa capacidade de diálogo e convivência com as diferenças, seja em nossa vida pessoal, nas famílias, nas organizações públicas ou privadas ou na integração entre as organizações ou entre as nações. E não adianta tentar fugir: cada um precisa fazer a sua parte.
Portanto, comece já a mudança! Primeiro com você mesmo… e, em seguida, com as pessoas de sua convivência diária, dentro da família e das organizações das quais você participa, sejam elas empresas, entidades civis, órgãos governamentais ou quaisquer outras. Até a próxima!