Razões para acreditar
Pouco se fala sobre a acessibilidade dos deficientes visuais na moda. Você não tem curiosidade de saber como esse público consome moda? Quantas vezes você ouviu falar de roupas com etiquetas em braille, sistema de escrita usado pelos deficientes visuais?
Daqui para frente – torcemos para que sim! – isso não será mais uma novidade, mas vamos dar os créditos para as idealizadoras: as estudantes de Design de Moda, Amanda Gotado e Camila Dinapoli, do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo.
A Consultoria SENSE nasceu no último ano de faculdade das estudantes, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ao elaborarem etiquetas em braille e uma consultoria de estilo para as pessoas com deficiência visual. Em entrevista para o Moda Sem Crise, Amanda e Camila detalharam o funcionamento das etiquetas.
Elas possuem um sistema de QR Code contendo as informações da peça (cor, tamanho, lavagem e outros detalhes). Isso evita a necessidade dos deficientes visuais estarem acompanhados por uma pessoa que enxerga no momento da compra da peça. Eles podem escolher à vontade, levar o tempo que precisam, sem se preocupar com o tempo do acompanhante que enxerga.
“O código poderá ser lido por um aplicativo gratuito já existente chamado QR Code Reader disponível para Android e IOS, que lê os códigos através da câmera do próprio celular”, explicou Camila.
Amanda e Camila também planejam oferecer treinamentos para atendentes de lojas e uma consultoria de estilo, do tipo personal shopper, ou para organizar os armários do clientes na casa deles. Serviços como esses, segundo as estudantes, criam pontes para o que elas entendem ser a moda inclusiva.
“A moda inclusiva significa reconhecer que todas as pessoas sem distinção pertencem à moda, é trazer acessibilidade e autonomia para esse público, pois não é ele que precisa se adaptar à moda, e sim a moda que precisa se adaptar às suas necessidades”, explica Amanda.
“Serviços como o nosso mostram que a acessibilidade é importante e essencial para que todos tenham acesso à moda da mesma forma, além de representar a pessoa com deficiência visual como consumidor real e, assim contribuir para a inclusão desse público, fazendo ele se sentir representado pela moda”, acrescentou Camila.