Agentes da 42ª DP (Recreio) prenderam na manhã desta segunda-feira (6), em Curicica, Zona Oeste do Rio, a massoterapeuta Patrícia Silvia dos Santos, a Paty Bumbum. Paty já tinha sido presa dia 25, por exercício ilegal da profissão, e respondia em liberdade.
Na Operação Roleta Russa, já é considerada foragida Valéria dos Santos Reis, investigada pela morte da modelo Mayara dos Santos, dia 20. Valéria não foi encontrada em casa, em Vargem Pequena.
Ohana Hindara de Lima Diniz, uma das mulheres que acompanharam Mayara no procedimento, também foi presa. Uma testemunha diz que ela levava comissão pelas indicações de pacientes pra Valéria.
A polícia busca ainda Marcia Pimentel Esteves e Thaiza Pimentel Esteves.
A delegacia afirma, com base em depoimentos de duas testemunhas, que Paty e Valéria são sócias. Elas negaram à polícia que se conheciam. Essa discrepância motivou o pedido de prisão. Ao chegar à delegacia, Patrícia negou ser sócia de Valeria e afirmou que é inocente de todas as acusações.
Segundo a polícia, as suspeitas sabiam do risco, contavam com a sorte e mesmo assim faziam os procedimento. Paty Bumbum vai responder por organização criminosa e homicídio qualificado, suspeita de envolvimento na morte de Mayara. A prisão de 30 dias servirá para esclarecer se Paty de fato está ligada à morte de Mayara.
Segundo o delegado Eduardo Freitas, titular da 42ª DP, o nome “Roleta Russa” foi dado à operação porque “ora os procedimentos davam certo, ora as pacientes sofriam necrose”.
A suspeita da polícia é Paty usava silicone industrial em seus enxertos. Ao deter Paty Bumbum na casa dela, mês passado, a polícia já tinha encontrado silicone industrial e seringas. Nesta segunda-feira, além de silicone industrial, agentes apreenderam ácido hialurônico.
Paty alegou que o ácido seria usado para preenchimento labial.
Aplicar silicone industrial em pessoas é crime contra a saúde pública. Além disso, massoterapeutas não têm permissão para realizar tais procedimentos.
Modelo sabia dos riscos
Em áudio obtido pela TV Globo, a modelo Mayara, que faria aplicações nos glúteos, nas coxas e no abdômen com Valéria, contou que a aplicação seria com silicone industrial.
“Ela falou pra mim que não ia mentir pra mim, que ela joga silicone industrial mesmo, entendeu? Que ela não tem por que mentir pra mim. Falou a verdade, e vai de mim se eu quiser colocar ou não”, disse Mayara na mensagem.
Imagens de câmeras de segurança mostram Mayara chegando bem e sorridente a um hotel no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, acompanhada de uma amiga, Thaísa Pimentel Esteves. Menos de duas horas depois, Mayara sai amparada por Ohana de Lima Diniz.
“Ohana levou a Mayara para a casa dela em vez do hospital. Ela tentou ocultar que ela estava passando mal e disse que ela foi para a casa dela comprar produtos de beleza”, afirmou o delegado Eduardo Freitas, da 42ª DP. Freitas acredita que esta pode ter sido uma tentativa de ocultar o crime. Ainda segundo o delegado, Ohana pediu Buscopan pra Mayara em casa e demorou uma hora e meia pra chamar uma ambulância.
Lesões e complicações
Na última quarta-feira (1), Paty prestou depoimento na Delegacia do Consumidor. Titular da Decon, Daniela Terra lembrou na ocasião que pelo menos duas vítimas apresentaram problemas em procedimentos realizados por ela.
Na segunda-feira (30), mais três clientes prestaram depoimento. Ainda de acordo com a delegada Daniela Terra, duas delas apresentavam lesões aparentes no corpo.
Na semana anterior, outras três clientes compareceram à delegacia. Uma das vítimas teve trombose em 2016; outra começou a mancar devido a fortes dores na perna três meses após fazer intervenção estética com Paty Bumbum.
Algumas testemunhas ainda serão ouvidas pela 42ª DP. Os policiais estão confrontando os depoimentos e pedem que qualquer nova vítima se apresente à policia para oferecer novos elementos à investigação.
Informações podem ser repassadas de forma anônima pelo Whatsapp ou Telegram do Portal dos Procurados, no telefone (21) 98849-6099; pela Central de Atendimento, no (21) 2253-1177; através do Facebook; e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ.