A Turquia anunciou nesta quarta-feira (15) um aumento das tarifas de diversos produtos importados dos Estados Unidos, uma resposta às medidas similares aplicadas pelo governo americano ao aço e ao alumínio turcos.
“As taxas de importação de determinados produtos foram aumentadas de modo recíprocos aos ataques deliberados da administração americana a nossa economia”, anunciou no Twitter o vice-presidente turco Fuat Oktay.
A lista de produtos inclui carros (a nova tarifa é de 120%), bebidas alcoólicas (140%), tabaco (60%), arroz, carvão e produtos cosméticos, segundo a Reuters.
Um decreto assinado pelo presidente Tayyip Erdogan dobrou as tarifas turcas de carros de passageiros para 120 por cento, de bebidas alcoólicas para 140 por cento e de fumo para 60 por cento. As tarifas também foram duplicadas em bens como cosméticos, arroz e carvão.
De modo geral, as novas tarifas dobram as taxas aplicadas atualmente, segundo a agência estatal Anadolu.
O decreto do aumento das tarifas assinado pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan foi publicado no Diário Oficial do país, elevando as preocupações de uma escalada da tensão entre os dois países e de uma batalha comercial.
As taxas respondem à sobretaxas adotadas pelo governo dos Estados Unidos, o que contribuiu para provocar uma forte desvalorização da moeda turca e uma grande tensão entre Ancara e Washington.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai dobrar as taxas sobre a importação de aço e alumínio turcos, usando a taxa de câmbio entre os dois países como justificativa.
Na terça-feira, o Erdogan anunciou que seu país vai “boicotar” os produtos eletrônicos americanos, como os da Apple. O presidente turco definiu a crise da lira como um “ataque econômico contra a Turquia”.
Tensão diplomática
Depois de vários meses de tensão, as relações se complicaram ainda mais, com a detenção na Turquia do pastor americano Andrew Brunson.
Os Estados Unidos impuseram sanções contra dois ministros turcos, e Ancara respondeu com medidas similares. Na sequência, o presidente americano, Donald Trump, anunciou o aumento das tarifas de importação do aço e do alumínio turcos.
A lira perdeu mais de 25% de seu valor em um mês, o que aumenta ainda mais a pressão inflacionária na Turquia. Desde o início do ano, o valor da lira turca caiu 40% frente ao dólar e ao euro. Desde terça-feira, porém, a lira parece se estabilizar, após medidas do Banco Central e ao apelo de Erdogan de converter ouro e divisas estrangeiras.
Em meio às virulentas declarações de Erdogan contra os Estados Unidos, a Turquia tenta preservar suas relações com outros sócios e aliados.
O presidente turco, que na semana passada se reuniu com seu colega russo, Vladimir Putin, recebe nesta quarta em Ancara o emir do emirado do Catar, xeque Tamim ben Hamad al-Thani.
Em outro movimento no xadrez político, na terça-feira, um tribunal turco libertou, inesperadamente, dois soldados gregos que haviam sido detidos em março na fronteira, um episódio que elevou a tensão nas relações entre Ancara e Atenas.