O Partido Progressistas (PP) divulgou um documento nesta terça-feira (9) em que declara que manterá postura de “absoluta isenção e neutralidade” no segundo turno das eleições presidenciais, disputado entre os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PSL, Jair Bolsonaro.
A legenda integra o chamado bloco do “Centrão” e no primeiro turno do pleito havia participado da coligação do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. A vice de Alckmin na chapa, senadora Ana Amélia, é do PP.
“Tendo a clara compreensão dessas circunstâncias especiais que vivem a política e o país, o Progressistas adotará uma postura de absoluta isenção e neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais”, afirmou o PP no documento.
O partido afirma ainda estar “convicto” de que essa postura de neutralidade é a “melhor contribuição que pode oferecer ao debate, em que os cidadãos e cidadãs demonstraram querer se ater a um olhar aos projetos e às personas dos candidatos, deixando todas as demais variáveis em segundo plano”.
No documento, assinado pelo presidente do partido, senador Ciro Nogueira, o PP ressalta que estará disposto a colaborar com o futuro governo a ser eleito “em todas as agendas coerentes e resolutivas” que possam levar a uma solução para os grandes problemas do país.
A sigla destaca que as eleições deste ano “ocorreram num contexto histórico desafiador, após alguns anos de abalos políticos em sucessão”.
Além disso, afirma que o eleitor mandou um recado nas urnas: “quer tomar sua decisão sem que qualquer outro aspecto, que não os candidatos, sejam levados em consideração como critério de escolha”.
“Isso significa que o eleitor quer o silêncio e o palco vazio de qualquer ruído ou informação que interfira na sua reflexão sobre qual candidato escolher”, diz o documento.
Semana de definições
Nesta semana, partidos têm reuniões para definir o posicionamento do segundo turno. A reportagem procurou nesta segunda-feira (8) as campanhas dos presidenciáveis derrotados. Sete informaram que vão discutir os apoios nos próximos dias. A equipe do candidato Cabo Daciolo (Patriota) não deu resposta.
Guilherme Boulos (PSOL) foi o único que até o momento que já declarou apoio. Estará ao lado de Haddad.
Veja o coronograma:
Rede – A executiva nacional da Rede Sustentabilidade, legenda de Marina Silva, tinha reunião marcada na noite desta segunda-feira para debater a posição oficial, informou a assessoria do partido. Oitava colocada na disputa pela Presidência com 1% dos votos válidos, a ex-senadora afirmou após a confirmação do resultado do primeiro turno que estará na oposição “independentemente de quem seja o vencedor”. Indagada se apoiará Bolsonaro ou Haddad no segundo turno, ela afirmou que ainda discutirá o assunto com os correligionários da Rede. O candidato a vice na chapa de Marina, Eduardo Jorge (PV), também disse que o partido ao qual é filiado vai se reunir para avaliar se apoiará algum candidato no segundo turno.
DC – O partido Democracia Cristã (DC), de Eymael, começou a debater eventual apoio nesta segunda-feira. Apesar de Eymael ter obtido somente 41.710 votos (0,04% dos votos válidos) no primeiro turno, ele fez várias reuniões por teleconferência nesta segunda-feira com os dirigentes dos diretórios regionais da legenda, informou a assessoria da sigla. A previsão do partido é de que o DC tome uma posição sobre o segundo turno até esta terça (9).
PSDB – A executiva nacional do PSDB, legenda de Geraldo Alckmin, vai se reunir na tarde desta terça, na sede da sigla em Brasília, para definir a posição dos tucanos. Em São Paulo, o candidato do PSDB ao governo paulista, João Doria, afirmou no domingo mesmo que votará em Bolsonaro.
PDT – O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que a sigla de Ciro Gomes discutirá um “apoio crítico” a Haddad na fase decisiva da eleição presidencial. O dirigente também descartou a possibilidade de apoio à candidatura de Bolsonaro. Na noite de domingo, ao ser questionado sobre sua posição no segundo turno, Ciro excluiu a hipótese de estar ao lado do candidato do PSL: “Ele não, sem dúvida”. “Estamos começando a conversar [sobre a posição do partido no segundo turno]. O que jamais faremos é apoiar o Bolsonaro. Uma das sugestões em análise é dar um apoio crítico ao Fernando Haddad”, declarou Lupi.
Novo – O candidato do Novo à Presidência, João Amoêdo, disse no domingo que o diretório nacional da sigla discutirá eventual apoio a Bolsonaro ou Haddad na última fase do eleição. Ele adiantou, entretanto, que, na opinião dele, o partido não vai apoiar o petista. A assessoria do Novo disse que ainda não há previsão para a data da reunião.
MDB – Comandado pelo senador Romero Jucá, derrotado na tentativa de reeleição ao Senado, o MDB, de Henrique Meirelles, deve se reunir até o final da semana para articular a posição no segundo turno. De acordo com a assessoria da legenda, o assunto será discutido a partir de quarta-feira (10), quando Jucá retornará para Brasília. Ele está em Roraima, onde fez campanha nos últimos meses para tentar manter a cadeira que ocupa há 24 anos no Senado.
Podemos – A assessoria da campanha de Alvaro Dias, do Podemos, informou que ainda não há previsão de quando os dirigentes do partido irão se reunir para discutir quem apoiarão no segundo turno.
PSTU – O PSTU, de Vera Lúcia (55.762 votos no primeiro turno), anunciou que vai discutir até quarta-feira (10) a posição pública da legenda por meio de plenárias em todos os estados para debater com a militância. Segundo a assessoria do partido, o PSTU pode indicar voto e Haddad e se posicionar contra o Bolsonaro, porém, sem apoio político-programático com o PT. A decisão será anunciada na quinta (11).
PPL – O Partido Pátria Livre, legenda de João Goulart Filho, irá se reunir na tarde desta terça, em Brasília, para tratar do segundo turno. O filho do ex-presidente João Goulart foi o último colocado na corrida presidencial, com 30.176 votos, correspondentes a 0,03% dos votos válidos.
Outro partido que tem reunião nesta semana é o PSB. A sigla não teve candidato no primeiro turno. O encontro para definir o posicionamento no segundo está marcado para 14h30 desta terça-feira.