Um em cada quatro desocupados está sem emprego há dois anos ou mais, apesar de a taxa de desemprego no Brasil ter caído para 11,9% — 12,5 milhões de pessoas — no trimestre encerrado em setembro. Percentual bem menor do que o do mesmo mês do ano passado, quando alcançou 12,4%, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
O contingente de desalentados — pessoas que já não procuram mais vaga por acharem que não vão conseguir — atingiu 4,78 milhões de indivíduos, ou 4,3% da força de trabalho. O número é ligeiramente menor do que o do segundo trimestre deste ano, de 4,83 milhões, o maior contingente de desalentados da série histórica. No entanto, quando comparado ao mesmo período de 2017, há aumento de 12,6%. Os desalentados, na época, somavam 4,24 milhões de pessoas.
Imigração
Apenas cinco estados — Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso — tiveram queda na taxa nacional de desocupação (de 11,9%). Em meio à crise de imigração, Roraima foi o único estado com alta no período, de 13,5%, ressalta o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. “Há grande fluxo de imigrantes chegando a Roraima”, lembrou.
No terceiro trimestre de 2018, o rendimento médio real mensal foi de R$ 2.222, estável em relação ao trimestre anterior (R$ 2.229) e ao mesmo trimestre do ano anterior, de R$ 2.208. Empregada há um ano em uma gravataria em Brasília, a vendedora Estela Mota, 30 anos, se queixa da renda mensal. Ao vir do Espírito Santo para a capital, esperava ganhar mais. “Eu recebia praticamente o mesmo, cerca de R$ 2,5 mil por mês, mas lá, o salário crescia, porque eu tinha comissão”, explicou. Na casa do taxista Moacir Antônio dos Santos, 69, a situação ainda não melhorou. “Tenho sobrinhas e sobrinhos jovens, de 20, 30, 35 anos que procuram vaga todos os dias, mas não encontram”, disse.
Tendência
Analistas estão mais otimistas com as perspectivas do mercado de trabalho. De acordo com Eduardo Velho, sócio executivo da GO Associados, o desalento é resultado da frustração com o crescimento econômico, que afeta a geração de emprego. “No entanto, olhando para frente, a equipe econômica do novo governo está apontando na direção certa. O empresariado e o consumidor estão mais confiantes. O emprego pode surpreender em breve, porque os investidores tendem a tirar vários projetos da gaveta”, afirmou. Ele prevê que 2019 pode fechar com mais de 1 milhão de novos empregos.
Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, destaca que a recuperação da economia e do emprego já está acontecendo. “Não se sabe ainda em qual a velocidade. Para chegar ao círculo virtuoso, seria preciso uma média de 300 mil empregos por mês. E ainda estamos em cerca de 110 mil mensais. Creio que até metade mandato do atual presidente, o desemprego se aproxima de um dígito. Mas é preciso aguardar para ver o que será feito”, prevê. No dia a dia, a população ainda sente os efeitos da crise.