A Procuradoria de Illinois revelou nesta quarta-feira (19) que 685 padres foram denunciados por pedofilia no Estado, um número muito maior do que o fornecido pela Igreja Católica, em mais um escândalo envolvendo o clero.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
De acordo com resultados preliminares de uma investigação que começou em agosto, mais de 500 padres e membros do clero foram acusados de abuso sexual infantil nas seis dioceses do estado. Esses casos, somados aos 185 citados pela Igreja Católica, totalizam 685 acusados. Segundo a Procuradora-Geral de Illinois, Lisa Madigan, as revelações da Igreja ficaram aquém do número descoberto por seu gabinete.
“Ao optar por não investigar completamente as denúncias, a Igreja Católica fracassou em sua obrigação moral de fornecer às vítimas, aos paroquianos e ao público, o número total e preciso de todos os comportamentos sexualmente inapropriados envolvendo padres em Illinois”, escreveu Madigan em um comunicado.
A investigação de Illinois foi motivada por um relatório da Justiça divulgado em agosto, que revelou denúncias contra mais de 300 suspeitos de serem padres abusadores e identificou mais de 1.000 vítimas de abuso sexual infantil. Os casos foram acobertados durante décadas pela Igreja Católica no estado da Pensilvânia. Em outubro, as autoridades federais abriram pela primeira vez uma investigação sobre o abuso do clero. Dioceses no estado relataram receber intimações federais do júri para produzir documentos.
Arquidiocese diz que apoiou investigação
A Arquidiocese de Chicago, a maior de Illinois, reagiu ao relatório de Madigan apoiando a investigação de todas as denúncias.
“Desde 2006 publicamos os nomes dos padres diocesanos, sobre os quais pesam denúncias fundamentadas de abuso, e em 2014 publicamos mais de 20.000 documentos dos arquivos destes sacerdotes”, destacou a Arquidiocese.
“As denúncias de abuso sexual contra menores, mesmo que derivem de uma conduta que ocorreu há muitos anos, não podem ser tratadas como meros assuntos internos”, declarou Madigan.
“Este relatório impactante é exatamente o que esperávamos”, disse à AFP Zach Hiner, diretor-executivo da Rede de Sobreviventes dos Abusados por Sacerdotes (SNAP).
“Sabíamos há muito tempo que os funcionários da Igreja ignoravam ou minimizavam as acusações de abuso e este relatório é apenas mais uma prova de que se trata de um problema sistêmico e não local”.
Casos se multiplicam
Na segunda-feira, jesuítas dos Estados Unidos, que administram numerosas instituições de ensino, publicaram os nomes de dezenas de padres envolvidos em “acusações críveis” de pedofilia, que remontam a 1950. A lista com 89 nomes se somou à publicada há algumas semanas por outros grupos jesuítas, o que elevou a mais de 200 o número de padres da ordem envolvidos em supostos abusos de menores.
Em agosto, a promotoria da Pensilvânia outro devastador relatório sobre abusos sexuais praticados durante décadas por mais de 300 padres, envolvendo cerca de mil menores, durante sete décadas.