O Fórum Econômico Mundial começa nesta terça-feira (22) em Davos, na Suíça. O evento deve reunir cerca de 250 autoridades do G20 (grupo que reúne as 20 principais economias do mundo) e de outros países, em discussões sobre cooperação econômica.
O fórum também vai contar com líderes das Nações Unidas (ONU), do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio (OMC). O encontro deste ano tem como tema “Globalização 4.0: moldando uma arquitetura global na era da quarta revolução industrial”, uma proposta de debate sobre o impacto da globalização e da digitalização industrial.
As discussões sobre globalização, no entanto, acontecem em um contexto de preocupações sobre as relações comerciais entre as principais economias do mundo, além de outros pontos de atenção, como tensões políticas e indefinições sobre o Brexit. O texto de apresentação do Fórum destaca que a reunião deste ano será promovida em um “contexto de incertezas, fragilidades e controvérsias sem precedentes”.
“Nosso desafio é encontrar soluções para as questões mais urgentes do mundo com todos os líderes, representantes de organizações internacionais, dos negócios e da sociedade civil”, disse Borge Brende, presidente do Fórum Econômico Mundial, à agência Deutsche Welle.
O FMI apresentou em Davos na segunda-feira (21) suas novas projeções para a economia global, piorando as estimativas de crescimento da economia mundial. Além do enfraquecimento da Europa e de alguns mercados emergentes, o órgão atribuiu redução das projeções à chamada “guerra comercial”, com restrições dos Estados Unidos ao comércio exterior com diversos países – em especial a China.
Ausências
Mesmo com a guerra comercial se destacando entre os principais temas na discussão econômica, seus protagonistas, os presidentes da China e Estados Unidos, não participarão da reunião em Davos.
No dia 10 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o cancelamento de sua ida ao evento, apontando como justificativa a “intransigência dos democratas” na questão do muro na fronteira com o México. As atividades do governo estão parcialmente paralisadas desde dezembro, em meio ao impasse em relação à aprovação do orçamento pelo Congresso com recursos para a construção prometida por Trump em campanha.
No entanto, mesmo com a ausência de Trump, são esperados representantes norte-americanos, como o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
Já o porta-voz da China na ausência de Xi Jinping deve ser o vice-presidente do país asiático, Wang Qishan. Xi Jinping participou da edição de 2017 do fórum, tornando-se então o primeiro líder chinês a comparecer à cúpula.
Trump e Xi Jinping não são os únicos líderes das principais economias do mundo a se ausentarem. O encontro deve contar com apenas três líderes do G7 (grupo formado pelos sete países mais industrializados do mundo). São eles o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Giuseppe Conte.
Entre os que não irão comparecer, o presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta o clima turbulento no país em maio às manifestações dos chamados “coletes amarelos” contra o governo. A premiê britânica, Theresa May, também irá se ausentar, enquanto seu país busca uma solução para a saída da União Europeia.
Entre os emergentes, os líderes de Rússia, Vladmir Putin, e Índia, Ram Nath Kovind, também não vão comparecer, segundo a agência Reuters.
Participação do Brasil
O presidente Jair Bolsonaro chegou a Davos na segunda-feira para participar do Fórum. A comitiva brasileira é formada ainda pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também desembarcou em Davos.
Após chegar à Suíça, Bolsonaro disse, em entrevista coletiva, que pretende mostrar as medidas que o governo está adotando para que o mundo “restabeleça a confiança” no Brasil. O presidente deve discursar nesta terça. Segundo ele, o discurso foi preparado e revisado por vários ministros e será “muito curto, objetivo, claro”.