O prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos, conhecido como Neném da Asa, responsabilizou a Vale e as administrações passadas do Estado, que concederam a licença para mineração, pelos danos humanos e materiais decorrentes do rompimento da barragem da Mina do Feijão, ocorrido na última sexta-feira (25). Em entrevista coletiva neste domingo (27), Avimar disse que o município aplicou uma multa de R$ 100 milhões à empresa.
“A Vale foi inconsequente. As licenças para uma mineração funcionar são todas do Estado, nós só liberamos uma anuência após passar pelo crivo do governo. Quem fornece as licenças que vai in loco, que fiscaliza”, afirma. Ele ainda alega que a prefeitura não tem envolvimento no ocorrido, embora tenha a obrigação de verificar, de seis em seis meses, quais as condições das barragens do município.
Questionado sobre a existência de um plano de contenção e evacuação da cidade em casos como este, Avimar admite que o município não estava preparado, mas se eximiu da culpa pelo desastre. “A partir do momento que você tem algo que não espera que vai estourar, vai romper, não há um plano de contenção sabendo que a Vale tem que fiscalizar. A responsabilidade é dela”, diz.
Queda na receita
As operações da mineradora na cidade foram interrompidas devido à tragédia. Segundo Avimar, cerca de mil moradores do município trabalham na empresa. A suspensão da atividade deve prejudicar mais de 60% da receita de Brumadinho. A cada mês, a Vale paga aos cofres públicos R$ 5 milhões para operar.
“A situação é delicada, uma cidade que vive do minério mais de 60% da nossa arrecadação advém dos royalties do minério. Isso vai destruir a cidade, não vamos ter condições de dar um apoio de qualidade na saúde, na educação”, diz o prefeito.