Estado de Minas
O sacrifício de animais atolados pela lama em Brumadinho, na Região Metropolitana, chamou a atenção e provocou polêmica nesta terça-feira. Isso porque, nessa segunda-feira, ao menos uma aeronave teve a missão de executar, com tiros, animais ilhados ou feridos. A Defesa Civil informou que o abate aleatório não foi autorizado. No início da tarde desta terça-feira, o sacrifício foi confirmado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Por meio de nota, a corporação informou que a equipe aérea da PRF fez sobrevoos na região atingida pela barragem à procura de animais. “Seguindo os protocolos estabelecidos para este tipo de situação, a equipe estava acompanhada de veterinários que faziam análise e triagem dos casos”, informou. No percurso, diversos animais teriam sido alimentados e hidratados até que fosse possível a mobilização de recursos de resgate.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Entretanto, “lamentavelmente, durante a triagem dos animais foram encontrados três casos específicos de bovinos atolados na lama, em estado de exaustão e com fraturas de membros. Após análise da equipe veterinária, considerando a impossibilidade de adoção de outras medidas, foi tomada a decisão pela eutanásia daqueles animais”, disse a PRF por meio de nota. Segundo a corporação, o procedimento foi orientado e supervisionado pela equipe veterinária sob a coordenação do comando da operação de resgate.
Do meio da mata, o jornal O Estado de S. Paulo acompanhou a movimentação da aeronave. Foram mais de 20 disparos, até o que o helicóptero partiu. O sacrifício dos animais ocorreu numa área próxima do local onde mais de 20 brigadistas tentavam abrir um ônibus coberto pela lama, com vítimas dentro.
O repórter do Estado de Minas Mateus Parreiras viu o policial rodoviário federal disparando contra animais atolados. Ele relata o que testemunhou no trabalho de resgate dos atingidos pela lama: “Os animais que foram arrebatados pelo rompimento da Barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, recebem tratamentos diferentes. Os que estão ilhados, por exemplo, têm sido alimentados com cilagem e água por veterinários contratados pela Vale. Um desses bovinos não deixou ser sedado pelos profissionais que não tinham dardos. O plano era deixar o animal desacordado e o transportar içado num helicóptero”, diz Mateus. “Do outro lado do vale, os animais que eram encontrados atolados estão sendo sacrificados. No domingo, mataram uma vaca. Ontem (28), um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com um atirador munido de fuzil disparou oito vezes contra cavalos e bois presos na lama”, afirma o repórter.
Confira a nota completa da PRF:
“A Polícia Rodoviária Federal (PRF), a partir da tragédia que se abateu em Brumadinho (MG) no último dia 25 de janeiro, tem se solidarizado com todas as vítimas e participado efetivamente das ações humanitárias naquela região.
A PRF está compondo o Comando de Operações, integrada e cooperando com as demais instituições componentes da força tarefa, que é coordenada pela Defesa Civil do Estado de Minas Gerais.
Com participação prevista para um período de oito dias, com possibilidades de prorrogação para atender as demandas, e com o emprego de um helicóptero configurado para resgate e transporte, além de apoio por terra, a PRF tem desenvolvido uma série de ações que vão desde o transporte de medicamentos, água, alimentos etc, até apoio às forças de segurança do Brasil e de Israel.
As equipes da PRF participaram de diversas ações de resgates de pessoas e em todas elas tiveram o apoio das outras instituições envolvidas na força-tarefa, especialmente o Corpo de Bombeiros Militar do estado de Minas Gerais. Infelizmente em alguns casos a missão foi o transporte de corpos de vítimas.
Além dos regates de vítimas presas à lama ou ilhadas, a PRF tem participado do resgate de animais também vítimas do rompimento da barragem. Vários destes animais, em destaque para os bovinos e caninos, encontram-se atolados no grande volume de lama que tomou conta da região.
No dia de ontem (28), equipe aérea da PRF fez sobrevoos na região à procura destes animais. Seguindo os protocolos estabelecidos para este tipo de situação, a equipe estava acompanhada de veterinários que faziam análise e triagem dos casos.
No percurso, diversos animais foram alimentados e hidratados para que houvesse a manutenção básica da vida até que fosse possível a mobilização de recursos de resgate.
A PRF reafirma seu compromisso com a ética, a técnica e a responsabilidade no cumprimento de suas missões nas rodovias federais, nas áreas de interesse da união ou onde quer que se faça necessária em apoio a outros órgãos e instituições.”
Defesa Civil
Em nota, a Defesa Civil informou que a eutanásia ocorre por meio de injeção letal, e que em nenhum momento houve autorização por parte do Gabinete Militar do Governador/Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para o abate de animais aleatoriamente ou por meio de métodos em desacordo com as normas.
Confira na íntegra a nota divulgada pelo órgão, na tarde desta terça-feira (29/01):