Autoridades devem fazer uma inspeção no centro de treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, nesta terça-feira (12) para definir se há necessidade de interdição. Corpo de Bombeiros, Prefeitura do Rio e Polícia Civil estarão no local às 10h. O objetivo é apurar possíveis irregularidades no local, onde dez garotos morreram e outros três ficaram feridos em um incêndio na última sexta-feira (8).
O caso está sendo investigado pela 42ªDP (Recreio dos Bandeirantes). Os investigadores devem ouvir os depoimentos de funcionários do Flamengo que estavam no local na hora do incêndio. O gerente de patrimônio do clube e outros três profissionais devem falar aos policiais. A expectativa é que eles esclareçam quais eram as equipes que prestavam serviços ao Ninho do Urubu e sobre as condições das instalações.
Representantes da empresa responsável pela construção dos módulos onde as vítimas dormiam também devem prestar depoimento.
O incêndio atingiu o alojamento dos atletas da divisão de base do futebol do clube, que ficava em uma área de estacionamento do centro de treinamento.
Entre os três atletas feridos, Jhonata Ventura permanece internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do centro de queimados do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste. Ele não está mais sedado.
Francisco Dyogo segue internado no Hospital Vitória e continua no CTI, pois precisa da ajuda de aparelhos para respirar. Ele teve uma melhora no quadro de saúde. Cauan Emanuel teve alta e está com a família em um hotel. Quando estiver bem, ele deve ir para Fortaleza com a família.
Incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, em Vargem Grande — Foto: Reprodução/TV Globo
Em uma reunião no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) na tarde de segunda, o Flamengo comunicou a decisão de suspender o pernoite de qualquer pessoa, inclusive de atletas, no Ninho do Urubu.
O clube também prometeu trabalhar para a liberação de indenizações aos familiares das vítimas “o mais rápido possível” e afirmou que não está “poupando esforços” para atender os parentes.
Os três feridos no incêndio no CT do Flamengo — Foto: Montagem G1
Dois projetos enviados pelo Clube de Regatas do Flamengo à Prefeitura do Rio – um em 2010 e o outro em 2018 – não previam o módulo de contêineres que pegou fogo.
No papel, a área do alojamento receberia outros usos: no Bloco 7, ficariam depósitos e uma lavanderia; no Bloco 8, um escritório da administração; espaços em branco foram assinalados como estacionamento.
Na atualização da planta em 2018, os contêineres onde dormiam atletas das categorias de base também não apareciam. Mas houve algumas novidades no projeto. As mudanças previstas pelo Flamengo aumentariam o estacionamento, que ocuparia as áreas onde ficariam a lavanderia e a administração.
Em nota, a prefeitura explicou que a licença obtida em abril pelo Flamengo com esse novo projeto permitia apenas a construção de prédios, e não a utilização.
Para a prefeitura, o CT ainda estava em construção; por isso, não tinha o habite-se – a certidão atestando que o local está pronto pra ser habitado e que foi construído conforme as exigências estabelecidas pelo município.
O Ninho do Urubu também não tinha alvará de funcionamento e chegou a ser interditado em outubro de 2017 e, desde então, foi multado 31 vezes. O Flamengo pagou 21 dessas multas.
Quem são os 10 garotos mortos no incêndio do CT do Flamengo — Foto: Arte/G1