Estadão Conteúdo
Unidos da Tijuca, Unidos do Viradouro e Acadêmicos do Salgueiro despontaram como candidatas ao título do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro neste ano, após a primeira noite de exibições, que se estendeu por mais de 9 horas, entre a noite de domingo, 3, e a manhã desta segunda-feira, 4. As duas primeiras tinham algo em comum: recebiam de volta carnavalescos de muita fama e títulos, que já haviam trabalhado nessas agremiações. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Após 24 anos consecutivos (e outros nove intercalados, com 13 títulos no total) na Beija-Flor, Laíla saiu um tanto menosprezado pela direção da escola, mesmo após o título de 2018, e retornou à Tijuca, onde já havia trabalhado de 1980 a 1983. Levou consigo o auxiliar Fran Sérgio, e os dois se juntaram ao trio de carnavalescos que já trabalhava na Tijuca. Pois a escola discorreu sobre o pão e fez um desfile praticamente sem defeitos: carros alegóricos e fantasias estavam luxuosos e muito bem acabados, o enredo foi narrado de forma bastante compreensível e não houve correria nem imprevistos.
O Salgueironão foi novidade: terceiro colocado no ano passado, trocou a diretoria (numa disputa judicial que se prolongou de maio a dezembro passados), mas manteve o carnavalesco Alex de Souza, que prestou homenagem a Xangô, o orixá da justiça. Um bom samba contagiou a plateia, e não faltaram luxo e criatividade.
A Beija-Flor, cujo desfile era cercado de expectativa tanto porque é a atual campeã como porque o enredo era a história da própria escola, que está completando 70 anos, desperdiçou a oportunidade de conquistar o bicampeonato com um desfile sem brilho, com fantasias simples e sem nenhuma surpresa. Seguiram-se alas representando anos importantes de desfile, como 1976, quando a escola conquistou o primeiro título, com o enredo “Sonhar com rei dá leão”, e 1989, quando uma alegoria do Cristo Redentor que a Justiça proibiu de usar foi levada ao desfile coberta por um plástico preto e com um cartaz onde se lia “mesmo proibido, olhai por nós”. Em vez de reproduzir o carro alegórico, neste desfile a Beija-Flor preferiu fazer uma alegoria cheia de ratos e mendigos para simbolizar esse enredo.
AGrande Rio também fez um desfile mediano, com um enredo que mostrava como deslizes, gafes e viradas de mesa são habituais no Brasil.
Os piores desfiles foram apresentados pelo Império Serrano, que discorreu sobre os altos e baixos da vida, e a Imperatriz Leopoldinense, que falou sobre o dinheiro e teve problemas em um carro alegórico. O Império apostava em “O que é, o que é?”, clássico samba de Gonzaguinha usado como samba-enredo, para contagiar a plateia – e isso realmente aconteceu, mas não apagou os erros da escola. Até o letreiro luminoso que anunciava o nome da escola tinha defeitos – três letras estavam apagadas.
A partir das 21h15 desta segunda-feira (04/03) desfilam as outras sete escolas do Grupo Especial: São Clemente, Vila Isabel, Portela, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mangueira e Mocidade Independente.