Rodrigo Chaves, gerente-executivo da mineradora Vale em Itabira, se reuniu com donos de hotéis e pousadas da cidade para informar que a empresa pode precisar de 2,5 mil leitos caso aconteça um rompimento de barragem na região de Itabira. A informação é do jornal Diario de Itabira.
A situação mais grave nas cidades mineradoras da região do Médio Piracicaba, fica na cidade de Barão de Cocais. Além de Itabira, e Barão de Cocais, a Vale mantém sistema operacional em Santa Bárbara, e São Gonçalo do Rio Abaixo.
Aos empresários do setor hoteleiro Rodrigo Chaves disse que não tem nenhum risco de rompimento de barragem em Itabira e que a reunião seria uma medida preventiva para a liberação dos leitos.
Em Itabira de acordo com empresários do setor ha cerca de 800 leitos, porém a maioria com ocupações relacionadas a clientes.
Há cerca de duas semanas a Justiça em Itabira exigiu da empresa a comprovação de estabilidade de suas barragens de rejeitos existentes no município. A ação foi determinada pela 1ª Vara Cível da Comarca de Itabira a partir de três ações civis públicas propostas pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG). As decisões se referem a estruturas dos complexos minerários Pontal e Barragem de Santana. Pontal e Itabiruçu são as duas maiores barragens da Vale na cidade. Uma quarta ação civil pública também foi deferida pela Justiça e determinou que a mineradora interrompesse o descarte de rejeitos de minério de ferro nos diques de Minervino e Cordão Nova Vista, do Complexo da Mina de Cauê.
Na sexta-feira (22/03), a mineradora apresentou à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e ao Corpo de Bombeiros, em reunião em Itabira, o Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) das estruturas existentes na cidade. O PAEBM é uma das respostas à determinação judicial que cobrou, além de elaboração e submissão aos órgãos de fiscalização e ambientais de um plano de ação que garanta a total estabilidade e segurança das barragens desses complexos, um Plano de Segurança de Barragens com as exigências previstas na legislação. De acordo com o processo, falhas nessas estruturas teriam capacidade de “afetar a segurança de comunidades e de patrimônios” dos municípios de Itabira e de Santa Maria de Itabira.
A Secretaria de Meio Ambiente de Itabira informou que o documento está sendo elaborado há cerca de um mês. A prefeitura local mantém equipes indo de casa em casa, há 20 dias, para explicar o plano de emergência e orientar sobre questões como rotas de fuga e pontos de encontro em caso de acidente com as barragens. De acordo com a pasta, foram quase 4 mil visitas no período. Ainda segundo a secretaria, mais de 70% do cadastro de todos os imóveis foi concluído. Deficientes, crianças e idosos também estão sendo registrados.
A Vale foi procurada para se posicionar sobre a situação das comunidades e sobre providências adotadas para evitar a necessidade de remoção dos moradores, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição.
HISTÓRICO DE REMOÇÕES
Em Brumadinho, 138 pessoas foram retiradas de suas casas após o desastre da Vale. Depois da tragédia, a retirada de moradores de outras cidades em sequência teve início em 8 de fevereiro, na comunidade de Pinheiros, em Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e em Barão de Cocais, na Região Central. A evacuação ocorreu em virtude da mudança do fator de segurança da barragem da Mina Serra Azul, da empresa ArcelorMittal, e da Barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, da Vale, respectivamente. Em Itatiaiuçu, 166 pessoas foram atingidas e, em Cocais, 492.
Em 16 de fevereiro, a sirene de alerta tocou para moradores de São Sebastião das Águas Claras, distrito conhecido como Macacos, em Nova Lima, também na Grande BH. Lá, o perigo foi detectado na Barragem B3/B4 da Mina Mar Azul, da Vale. Ao todo, 215 pessoas tiveram que sair dos imóveis e o turismo no povoado foi arrasado. Em 20 de fevereiro, as remoções afetaram outra comunidade de Nova Lima e também habitantes de Ouro Preto (na Região Central), devido aos riscos da Barragem de Vargem Grande. Foram retiradas de casa 125 pessoas, sendo 100 moradores de Nova Lima e outros 25 de Ouro Preto.
No último dia 16, 29 moradores da zona rural de Rio Preto, a 385 quilômetros de BH, na Zona da Mata, na divisa com o Rio de Janeiro, também tiveram de abandonar suas moradias. A medida foi tomada depois de o nível de segurança da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Mello, da Vale, ter sido elevado ao patamar 2.
FALHAS
Na noite de quarta-feira (27/03), foi disparado um sistema de emergência das barragens de rejeitos de minério em Itabira.
Moradores de diversos bairros da cidade começaram a relatar que ouviram as sirenes a partir das 22h30 e os últimos relatos por volta das 23h45.
Em vários bairros moradores precisaram de atendimentos médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), depois de passarem mal. Famílias inteiras deixaram suas casas com crianças, algumas carregando malas, bolsas e outras de carro, buscando as rotas de fuga e pontos de encontros da zona de autossalvamento.
Ainda segundo a mineradora a acionamento das sirenes em Itabira aconteceram devido um desacerto técnico. No mesmo comunicado a empresa afirma que não há necessidade de emergência e tão pouco que as comunidades sejam evacuadas.
A falha além de provocar pânico pela cidade, obrigou a Polícia Militar, Defesa Civil e Bombeiros Militares a atuarem para tentar acalmar a população de quase 120 mil habitantes.
1 comentário
A vale tem q pagar pelo q tem feito com nosso país e principalmente com o estado de MG