Os carros automáticos e automatizados ganharam espaço no Brasil: o número de emplacamentos em 10 anos triplicou no país, de acordo com a consultoria Jato.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
A oferta de modelos que dispensam o pedal da embreagem aumentou e tirou desse recurso o caráter de luxuoso, ainda que versões com esse tipo de transmissão custem mais.
No ano passado, os modelos com transmissão automática ou automatizada representaram 47,9% do mercado brasileiro. Há 10 anos, detinham apenas 12,7% do total.
A alta nas vendas aponta também para um novo comportamento do consumidor, em busca de conforto e praticidade. “Fico muito tempo parada no trânsito de São Paulo e trocar marchas acaba cansando muito”, diz a publicitária Carla Rigolo, de 25 anos, que trocou um carro manual por um automático em maio de 2018.
Acidentes
Por outro lado, esse tipo de transmissão ainda confunde alguns motoristas. Em Pernambuco, um manobrista despencou com um carro de um edifício garagem em janeiro último. De acordo com os bombeiros, ele se atrapalhou com os pedais.
Outros casos recentes levantam o mesmo tipo de suspeita, ainda que não tenham tido uma investigação aprofundada.
A lei brasileira proíbe o uso de carro automático para ensinar quem vai tirar a carteira de habilitação.
De acordo com a Resolução 168/04 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), as aulas práticas e os exames devem ser realizados em carros com câmbio manual e sem qualquer equipamento de auxílio, como sensores de ré e assistente de partida em rampas.
Contudo, é possível que pessoas já habilitadas tenham aulas de aperfeiçoamento para conduzirem veículos sem embreagem, mas, na contramão das vendas, a procura ainda é pequena, segundo Magnelson Carlos de Souza, presidente do sindicato das autoescolas.
Em números
No ano passado foram vendidos 1,18 milhão de automóveis e comerciais leves automáticos e automatizados juntos, em um total de 2,47 milhões de carros comercializados no período, segundo a Jato.
Em 2009, quando 3 milhões de carros foram emplacados, apenas 381.060 dispensavam o pedal da embreagem. Ou seja, a venda desses veículos cresceu 210,5% nas em 10 anos.
A oferta abundante foi decisiva para a escolha da Carla. Procurando exclusivamente por um Honda Fit, ela conta que havia um número muito maior de opções com câmbio automático.
Para Gustavo Schmidt, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen do Brasil, o câmbio automático veio para ficar. “Mas nunca vai representar 100% das vendas porque carros de entrada e frotas corporativas devem ser manuais”, afirmou.
Automático X automatizado
O mercado brasileiro oferece transmissão automática e a automatizada, que também dispensa o pedal da embreagem. Esta última tem dois tipos: as de embreagem simples e os de dupla embreagem (apesar do nome, não há pedal).
As de embreagem simples surgiram como alternativa em modelos nos quais um câmbio automático ficaria caro demais. Por isso, seu funcionamento tem alguns poréns, como trocas mais lentas e trancos, o que também prejudica o desempenho.
Na automatizada de dupla embreagem, isso não acontece: assim como na transmissão automática “clássica”, as trocas são rápidas e suaves, graças a um sistema mais sofisticado.
Há quem, mesmo rodando com carro automático, tenha saudade do manual em alguns momentos, caso do Vinicius Barreto.
“No manual, você controla do seu jeito e não tem esse problema (de trancos e demora nas trocas)”, diz o proprietário de um Peugeot 2008.
O desafio das alavancas
Profissionais de estacionamentos que lidam todos os dias com diferentes modelos dizem que a transmissão automática não é um bicho de sete cabeças. Mas a quantidade de tipos de alavanca pode confundir na hora dos engates de “D” (Drive, para condução), “N” (Neutro, para breves paradas), “R” (Ré) e “P” (Park, para estacionar).
Cada marca tem um tipo de controle da transmissão e ele pode também variar de um modelo de carro para outro.
Vai do convencional, com alavanca com as marchas operadas em linha reta ou em trilhos sinuosos, a câmbio acionado por botões, e ainda existem carros com alavanca instalada atrás do volante, no lugar dos comandos de limpeza do para-brisa.
Dicas para evitar acidente
Pequenas confusões e distrações podem terminar em acidentes.
A primeira dica para evitá-los é sempre conferir a marcha engatada. Além de olhar para a alavanca, confirme no quadro de instrumentos, que sempre indica a posição do câmbio.
No caso dos automáticos, é possível que o motorista imagine que a alavanca esteja em “N”, enquanto na verdade ela está em “D” ou “R”. Com isso, ao soltar o pé do freio, o carro se movimentará automaticamente pelo o creeping, força que empurra o veículo ao liberar o freio mesmo sem acelerar.
Entre os automatizados, especialmente os de embreagem simples, os engates podem não ser tão precisos. Com isso, a posição não é engatada, reforçando a dica de conferência no quadro de instrumentos. Nos mais antigos, como os primeiros Dualogic, não há o recurso de creeping.
Em qualquer uma das situações, outra dica é de, ao estacionar, sempre colocar o câmbio em “N” para garantir que eventuais distrações não acabem em sustos.