A mineradora Vale afirmou que vai investir R$ 11 bilhões, nos próximos cinco anos, em processamento a seco de minério de ferro. A meta é chegar a 70% do uso dessa técnica até 2023. Atualmente a mineração a seco é utilizada em 60% dos empreendimentos, que por não utilizarem água no processo, não geram rejeito e, portanto, não utilizam barragens.
Já em Minas Gerais, o processamento a seco chegou a 32%, em 2018, segundo a mineradora. O método é usado em Brucutu, Alegria, Fábrica Nova, Fazendão, Abóboras, Mutuca, Pico e Fábrica. Para os próximos anos, o objetivo é empregá-lo em outras localidades do Estado como, por exemplo, os projetos Apolo e Capanema, que atualmente encontram-se em fase de licenciamento ambiental.
Entre 2020 e 2023, a Vale estuda investir no empilhamento a seco, em Minas, aproximadamente R$ 1,5 bilhão (US$ 390 milhões). Contudo, o sucesso depende do aprimoramento da tecnologia e de questões externas, como licenças ambientais.
Outro ponto a ser levado em conta é que a tecnologia de empilhamento a seco disponível é usada em pequena escala no mundo – no máximo até 10 mil toneladas de rejeito produzida por dia – em regiões desérticas ou com baixa incidência de chuva.
Em 2011, a Vale desenvolveu um projeto piloto na pilha Cianita, em Vargem Grande, com um investimento de R$ 100 milhões. Os estudos foram concluídos em 2018 e os técnicos avaliaram o comportamento geotécnico da pilha em condições chuvosas. Os próximos testes serão aplicados em escala industrial na mina do Pico, no município de Itabirito.
No Brasil
O processamento a seco ou a umidade natural é usado nas minas de Carajás, Serra Leste e Complexo S11D Eliezer Batista, no Pará. A principal usina de Carajás, a Usina 1, está em processo de conversão para umidade natural: das 17 linhas de processamento da planta, 11 já são a seco e as seis linhas a úmido restantes serão convertidas até 2022.
Outra solução que vem sendo estudada para reduzir as barragens é a concentração magnética a seco do minério de ferro com base na tecnologia inovadora desenvolvida pela New Steel, empresa adquirida pela Vale no fim de 2018 por R$ 1,9 bilhão (US$ 500 milhões). A concentração magnética a seco dispensa o uso de água no processo de concentração do minério de baixo teor, o que permite que o rejeito gerado seja disposto em pilhas como estéril, semelhante ao que ocorre no empilhamento a seco. Essa tecnologia, no entanto, está em fase de desenvolvimento industrial e ainda não está pronta para ser aplicada em larga escala.
Relembre
A Barragem do Córrego do Feijão, da Vale, se rompeu no dia 25 de janeiro. De acordo com o balanço mais recente divulgado pela Defesa Civil, são 238 mortos e 32 pessoas desaparecidas.
A tragédia também contaminou o Rio Paraopeba, um dos afluentes do Rio São Francisco. Os rejeitos devastaram a área administrativa da mineradora, incluindo o refeitório, onde muitos trabalhadores almoçavam na hora do rompimento.