O risco de rompimento da barragem Sul Superior tem deixado aflitos os moradores de Barão de Cocais, na Região Central de Minas. A situação da estrutura, que já estava classificada em nível máximo de risco de rompimento desde fevereiro, é agravada devido ao deslocamento de um talude que pode se romper a qualquer momento e gerar um grande impacto socioambiental.
Em entrevista exclusiva à Rádio Itatiaia, o diretor de Reparação e Desenvolvimento da Vale, Marcelo Klein, detalha que em Barão de Cocais o maior dano foi as pessoas saírem de suas residências, para evitar que ocorram tragédias humanas como em Mariana e Brumadinho.
“A locação em moradias provisórias e o suplemento de vários gêneros de necessidade imediata que são oferecidos pela Vale. O que está sendo negociado agora é um ajuste do termo de compromisso entre a Vale a Defensoria Pública”, explica.
Ele detalhou as medidas que estão sendo tomadas pela mineradora nos casos de atingidos pelas barragens. Confira:
Como está sendo o tratamento as pessoas removidas em Barão de Cocais?
Das 458 pessoas removidas da área de primeiro impacto no dia 8 de fevereiro, 384 já foram acolhidas em moradias provisórias, o que é um progresso importante porque elas saíram de hotéis para casas que elas mesmas escolheram.
Definidas as moradias, a Vale faz uma reforma e as adaptações necessárias, de acordo com o perfil da família. Além disso, tem o fornecimento de alimentação, transporte, necessidade básica.
As pessoas da zona secundária precisam ser treinadas em relação ao risco que elas estão expostas. Elas têm que conhecer e identificar qual o ponto de encontro mais próximo da sua residência, e ter que fazer esse trajeto de forma a pé para não comprometer a saturação das ruas com veículos. Essa é basicamente a conscientização que a população da zona secundária precisa ter.
Um olhar especial que a Vale dá é em relação aos acamados e pessoas com dificuldade de locomoção na área secundária. Então, estamos instituindo agora o padrinho. Cada acamado desse vai ter um padrinho, um funcionário da Vale, que será responsável em caso de uma necessidade de locomoção.
Estão sendo feitas obras e ações para evitar um prejuízo ainda maior para o meio ambiente em caso de rompimento?
Sim. As obras de contenção vão permitir as instalações de barreiras físicas, grandes blocos de concreto, que vão permitir a retenção do material vazado em caso de rompimento em uma dispersão de área menor. Com isso, a extensão do dano ambiental será reduzida. Em paralelo, outras medidas importantes são quanto ao abastecimento de água. Temos um plano de contingência bastante robusto.
No distrito de Macacos, houve a tentativa de aproveitadores de se passar por moradores do distrito para receber auxílios que a mineradora disponibiliza. Vocês tomaram algum tipo de providência e até que ponto isso pode comprometer que reais moradores tenham acesso ao benefício?
De fato, ocorreram alguns casos de uso indevido. Pessoas que não eram elegíveis às compensações e reparações da Vale. Solicitamos à Polícia Civil para fazer as investigações, que culminam em prisões. Agora, não deixamos esse tipo de inserção contaminar nossa boa vontade e fazer acolhimento das pessoas que foram atingidas e tiveram a normalidade da suas vidas alteradas.
Após o acordo firmado com a Defensoria Pública, a Vale já evoluiu nas tratativas com os atingidos e vítimas de Brumadinho?
Sim. O termo de compromisso foi construído de uma maneira que dá total tranquilidade ao atingido para avaliar sua condição de dano e construir, junto com a Vale, uma reparação justa.