Em meio a um cenário de caos econômico, marcado pelo desemprego e pelo aumento do preço de serviços essenciais, como metrô e cesta básica, a renda média do mineiro, que precisa se desdobrar para colocar comida em casa, despencou.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento caiu de R$ 1.917 no primeiro trimestre do ano passado para R$ 1.868 no mesmo período desse ano. Entre os motivos, o aumento de desalentados, que desistem de procurar trabalho, a informalidade do mercado e o fato de as pessoas aceitarem cargos piores, com salários menores do que estavam acostumadas.
“O mercado formal por certo teve queda de renda média, mas porque pessoas que recebiam salários maiores foram substituídas por mão de obra barata. E como a renda média é gerada pela renda total dividida pelo número de trabalhadores, ela cai”, pondera o coordenador do curso de Economia do Ibmec, Márcio Salvato.
O fenômeno é motivado pela falta de perspectivas do trabalhador na área em que ele procura emprego. Como reflexo, ele aceita trabalhar em áreas com menos qualificações. O objetivo é colocar comida na mesa.
A cesta básica, por exemplo, subiu 17,363% nos últimos 12 meses, conforme o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). Já a gasolina ficou em 5,28% mais cara nos últimos 12 meses, enquanto a energia subiu 18,54%.
Mineração
A crise na mineração – decorrente da interdição de dezenas de minas no Estado, após o aumento do risco de colapso de várias barragens vir a público – impacta negativamente o cenário econômico e força os índices ainda mais para baixo.
No primeiro trimestre deste ano, a Vale – responsável pela estrutura que ruiu em Brumadinho, matando cerca de 270 pessoas – registrou queda de 28% na produção, conforme balanço da mineradora.
“O efeito em Minas continua em decadência. A redução de produção nesse primeiro trimestre de 2019 da extração mineral é um dos culpados”, pondera o coordenador do curso de Economia do Ibmec, Márcio Salvato.
Relatórios da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) divulgados desde que a barragem rompeu, em janeiro deste ano, apontam para um cenário nebuloso. O número de potenciais desempregados no médio prazo em decorrência da interrupção das atividades pode superar 800 mil.