A montadora Fiat Chrysler (FCA), de capital italiano e americano, apresentou nesta segunda-feira (27) um projeto de fusão com a francesa Renault, o que criaria o terceiro maior grupo mundial do setor, um anúncio celebrado pelos investidores e o governo francês.
O conselho de administração da Renault se reunirá nesta segunda-feira para examinar a proposta de fusão, informou a montadora francesa em um comunicado publicado pouco depois do anúncio da proposta.
A Fiat Chrysler destacou que a fusão criaria o terceiro maior grupo automobilístico do mundo, com vendas anuais de 8,7 milhões de veículos e “uma forte presença em regiões e segmentos chave”. O novo grupo ficaria atrás de Volkswagen (10,6 milhões) e Toyota (10,59 milhões).
Uma fonte próxima às negociações afirmou que não se espera uma decisão nesta segunda-feira, o que deve “demorar dias, até semanas”. O conselho de administração da Renault definirá apenas se estuda a proposta.
As ações teriam cotações nas Bolsas de Nova York e Milão, explica a Fiat Chrysler em um comunicado. Os papéis dos dois grupos operavam em alta após o anúncio. O título da FCA chegou a registrar avanço de 18% na Bolsa de Milão. A ação da Renault subiu 13%.
Apoio do governo francês
O governo francês é favorável à aliança, mas “é necessário que as condições da fusão sejam favoráveis ao desenvolvimento econômico da Renault e evidentemente aos funcionários da Renault”, afirmou a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye.
A Fiat Chrysler indicou que a linha de produção das duas empresas é “ampla e complementar, e daria uma cobertura completa ao mercado, do segmento de luxo até o segmento voltado para o grande público”.
Fiat Chrysler e Renault produzem automóveis de nível intermediário e populares, o que significa que poderiam compartilhar os avanços tecnológicos, afirmam analistas.
A Renault poderia contribuir com sua tecnologia para o desenvolvimento de motores elétricos, enquanto a Fiat Chrysler entraria com sua conta no mercado norte-americano e seus veículos 4×4 e picape.
De acordo com uma fonte que acompanha o processo, o anúncio seria o resultado de “negociações iniciadas com Carlos Ghosn”, o ex-presidente da montadora francesa, investigado no Japão por supostas fraudes financeiras.
Superar a Volkswagen
Ghosn foi detido no fim de novembro em Tóquio, o que provocou uma crise entre a Renault e a sócia japonesa Nissan, que estava por trás das revelações que desencadearam a investigação.
O projeto da FCA para a fusão com Renault deixa “a porta aberta a Nissan” para integrar a operação, afirmou outra fonte.
Com os aliados Nissan e Mitsubishi, a Renault constitui o maior grupo automobilístico mundial em termos de volume de vendas, com quase 10,76 milhões de unidades comercializadas ano passado, à frente de Volkswagen (10,6 milhões) e Toyota (10,59 milhões).
Em caso de acréscimo dos números da Fiat-Chrysler, a aliança estabeleceria uma grande distância para os rivais, com quase 16 milhões de veículos.
Uma aliança França-Itália-EUA mudaria profundamente a relação de forças dentro da união Renault-Nissan-Mitsubishi, reforçando a parte francesa.
A Renault pressionou nas últimas semanas para uma aliança fortalecida com a Nissan, com a criação de uma holding 50-50 para as duas empresas. Os japoneses rejeitaram categoricamente o plano, alegando que não levava em consideração seu peso maior que o da Renault.
A Fiat-Chrysler (FCA), montadora americana que enfrenta dificuldades na Europa, entre outros motivos por seu atraso no desenvolvimento de veículos “limpos”, estava há várias semanas no centro dos boatos sobre uma possível aproximação.