A presença de maquinário pesado da Vale em áreas evacuadas pela própria empresa em Barão de Cocais, cidade a 55km de Itabira, tem provocado, entre os moradores, o temor de que a mineradora tenha interesses comerciais na desocupação e volte a minerar na área. A Vale nega interesse econômico e garante que sua atuação se dá em função de medidas preventivas de segurança.
Em fevereiro, 400 pessoas da chamada Zona de Auto Salvamento (ZAS), que fica perto da barragem Sul Superior da Minas da Mina de Gongo Soco e seria a primeira atingida, foram retiradas do local após o nível de segurança da barragem ser elevado a dois. No dia 22 de março, ele foi elevado a 3, indicando risco iminente de ruptura. E no dia 13 deste mês, a Vale informou às autoridades que o talude da mina da represa poderia desmoronar, ocasionando abalo sísmico que poderia fazer com que a Sul Superior se rompesse.
A suspeita dos moradores foi apresentada esta semana aos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) durante audiência pública. Alguns moradores dos cerca de 400 que tiveram que ser evacuados em fevereiro, quando a barragem subiu para nível 2 (que indica grande risco), disseram não acreditar na possibilidade de ruptura da estrutura e que a mineradora estaria interessada nas terras do distrito. Representantes do Movimento Contra Barragens de Rejeitos solicitaram aos deputados que dados técnicos sejam repassados aos moradores.
A mineradora Vale justificou, por meio de nota, que “a evacuação preventiva na ZAS foi realizada após a elevação do nível de alerta na Barragem Sul Superior, cumprindo o protocolo previsto no Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) da estrutura em alinhamento com o Poder Público”.
Quanto à exploração de minério no local, a Vale informou que a Mina de Gongo Soco está inativa desde 2016 e que a empresa não protocolou pedido na ANM para ampliação da exploração de minério na mina desde então.
“A empresa refuta, portanto, qualquer especulação de que estaria promovendo a retirada de moradores ou transferência de imóveis com base em interesses econômicos”, informou em nota.
Nesta quinta-feira (30), o nível de deslocamento do talude norte da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas, aumentou em relação a última medição feita pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e, em alguns pontos isolados, atinge 28,4 centímetros (cm) por dia. Na média, a velocidade de deformação em todo o paredão é de 24,3 cm/dia.
Leia nota da Vale:
“Vale refuta especulações e explica medidas adotadas em Brumadinho e Barão de Cocais
A Vale afirma que jamais realizará atividades de exploração minerária nas áreas atingidas pelo rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e na área abrangida pela Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, em Minas Gerais.
Em Brumadinho, o objetivo da Vale é definir a destinação da área atingida pelo rompimento conjuntamente com autoridades e moradores da região, podendo criar um corredor ecológico, dentre outras iniciativas, como parte das ações de reparação.
Em relação a Barão de Cocais, a Vale reafirma que a evacuação preventiva na ZAS foi realizada após a elevação do nível de alerta na Barragem Sul Superior, cumprindo o protocolo previsto no Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) da estrutura em alinhamento com o Poder Público. A evacuação está relacionada exclusivamente às condições de segurança da barragem.
A Vale informa ainda que a Mina de Gongo Soco está inativa desde 2016 e que a empresa não protocolou pedido na ANM para ampliação da exploração de minério na mina desde então.
A empresa refuta, portanto, qualquer especulação de que estaria promovendo a retirada de moradores ou transferência de imóveis dessas duas regiões com base em interesses econômicos. A Vale ressalta que está adotando todas as medidas preventivas de segurança em conjunto com as autoridades”.