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O site ‘The Intercept’ divulgou, na noite de sexta-feira (14/06), novos trechos de conversas atribuídas ao ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. De acordo com a nova reportagem, o então juiz federal teria sugerido que a força-tarefa da Lava-Jato emitisse nota oficial para esclarecer ‘contradições’ do ex-presidente Lula fornecidas durante depoimento sobre o caso do triplex do Guarujá.
Segundo o ‘The Intercept’, a sugestão de Sérgio Moro teria sido feita ao então procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, pelo aplicativo de mensagens Telegram. Segundo a reportagem, o episódio ocorreu em 10 de maio de 2017, quando Moro já presidia um processo criminal contra o ex-presidente. “O que achou?”, quis saber Moro. O juiz se referia ao maior momento midiático da Lava-Jato , ocorrido após o depoimento do ex-presidente Lula. Segundo a reportagem, Sérgio Moro zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia instruções privadas para a Lava-Jato sobre como se portar publicamente e controlar a narrativa na imprensa.
Além do depoimento, um vídeo de Lula também tomava conta da internet no mesmo dia. Depois de sair do prédio da Justiça Federal, o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez um pronunciamento diante de uma multidão.Continua depois da publicidade
Lula encerrou com a frase: “Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente desse país”. Era o lançamento informal de sua candidatura às eleições de 2018. Minutos depois da conversa com o então juiz, naquele 10 de maio, Santos Lima abriu o grupo ‘Análise de clipping’, em que também estavam assessores de imprensa do MPF do Paraná. Ele estaria em Recife no dia seguinte em um congresso jurídico. Santos Lima copiou a conversa que teve em seu chat privado com Moro, em que o juiz sugere a nota pública para apontar as contradições de Lula, e colou em outro chat privado, com o coordenador da Lava Jato no MPF, Deltan Dallagnol. Eram 22h38.
Os procuradores da força-tarefa discutiam num chat chamado ‘Filhos de Januário 1’ se deveriam comentar publicamente o depoimento de Lula. Às 22h43, Santos Lima escreveu no grupo, dirigindo-se a Dallagnol: “Leia o que eu te mandei.”. Ele se referia às mensagens que trocara com Moro. De acordo com o site, foi a vez então de Dallagnol mandar uma mensagem ao grupo Análise de clipping, dos assessores de imprensa. O assessor de imprensa estranhou o pedido e alertou que poderia ser um “tiro no pé”. Por fim, o pedido de Moro para apontar as contradições da defesa de Lula seria discutido no chat ‘Filhos do Januário 1′ até o fim da noite e também na manhã do dia seguinte, 11 de maio. E, finalmente, atendido.
Em nota enviada ao ‘The Intercept’, a assessoria do ministro Sérgio Moro declarou em nota que: “O Ministro da Justiça e Segurança Pública não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente.”