Cerca de 1,6 milhão de linhas de telefone fixas da Oi em Minas estão ameaçadas com os rumos da companhia, que perdeu 44,8% dos consumidores do serviço em dez anos. Em recuperação judicial e com o caixa no vermelho, apresentando prejuízos constantes, a telefônica pode ficar sem capital para fazer investimentos em qualidade, perdendo ainda mais espaço para as concorrentes do mercado. Em um quadro mais grave, existe, ainda, a possibilidade de a empresa perder a concessão das operações de telefonia fixa no país.
“Tenho acompanhado a situação da Oi com preocupação. Na minha casa temos linha da operadora há mais de 20 anos e os serviços prestados não têm sido dos melhores. Já estamos analisando outras operadoras”, afirma o jornalista Shandiney Miranda. Vale ressaltar que o fato de a Oi utilizar rede de cobre, que não depende de energia elétrica, atrai consumidores, especialmente os comerciais. Além disso, no país, mais de 3 mil municípios são atendidos apenas pela telefonia fixa da tele. O número de cidades mineiras com atendimento exclusivo não foi informado.
Se a Oi perder a concessão, o contrato com a União vai obrigar o governo a garantir a prestação do serviço até que uma nova companhia assuma. O problema é que o investimento necessário para manter a concessionária é gigantesco. Além dos aportes para fazer com que a empresa continue competitiva tecnologicamente no mercado, a telefônica tem dívidas de quase R$ 35 bilhões.
Desse montante, R$ 15 bilhões são devidos à União e R$ 20 bilhões a credores diversos. O débito junto aos credores chegou a R$ 50 bilhões mas, após constantes negociações, caiu para R$ 20 bilhões.
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Hoje, segundo dados da Anatel, a tele é a segunda maior operadora de telefonia fixa do país, com 31,3% do share nacional, perdendo apenas para a Vivo, com 33%. Apesar da boa carteira de clientes, a Oi apresentou prejuízo de R$ 1,559 bilhão no primeiro semestre deste ano, aumento de 24% ante igual período de 2018.
Além disso, conforme o Estado de S. Paulo, relatório entregue à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na semana passada apontou que o dinheiro da companhia somente seria suficiente para mantê-la funcionando até fevereiro. Paralelamente, acionistas cobram, junto aos conselheiros da Oi e à Justiça, mudança na diretoria da empresa. O motivo é o pífio resultado apresentado nos últimos balanços.
Em nota, o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, afasta a possibilidade de fim da concessão no curto prazo. “Para o regulador setorial, por força de suas competências legais, têm primazia a efetiva preservação e a continuidade dos referidos serviços. Nesse contexto, uma solução de mercado definitiva é o cenário preferencial para a evolução positiva da situação do grupo, diante de sua aderência ao modelo regula-tório vigente. Soluções de outra natureza são excepcionais e ultima ratio. Dependem não apenas do atendimento das hipóteses previstas em lei, mas também de se mostrarem, ante a análise de conveniência e oportunidade, instrumentos hábeis a alcançar posição mais segura e favorável ao interesse público”, diz o texto. A Oi não se pronunciou.
Com o mercado da telefonia fixa em decadência, reflexo das novas tecnologias, como Voip e WhatsApp, e das baixas tarifas de celular, dificilmente o governo conseguiria mudar a concessão da Oi de mãos, caso fosse necessário, conforme apontam especialistas do setor. “O governo teria que colocar dinheiro até encontrar um comprador. E quem vai investir em uma operadora de telefonia fixa hoje? Por isso, o cenário ideal é que a gestão da Oi seja bem assertiva e o quadro melhore”, afirma Eduardo Tude, da Teleco Consultoria.
Os demais ativos da empresa, como prédios e antenas, também não são garantia de retorno rápido devido à dificuldade de venda. Sobra, portanto, o braço de telefonia móvel da Oi. Já foi ventilado no mercado, aliás, que outras companhias que estão no Brasil teriam interesse no ativo, mas nada foi confirmado. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) teria que analisar a proposta nesse caso. Outra possibilidade é uma empresa que não atue m solo nacional fazer uma oferta à Oi.
Portabilidade
Para os clientes que estão insatisfeitos com a operadora, seja ela qual for, uma das soluções é a portabilidade, que permite mudar a empresa prestadora de serviço mantendo o número. Para isso, basta entrar em contato com a nova operadora e informar o desejo de migrar. Depois, é só esperar.
Em até três dias úteis, a migração deve acontecer. Caso o cliente passe por algum problema, o ideal é ligar para a operadora e pegar o número do protocolo. Depois, ele deve ligar para a Anatel (1331) e formalizar a reclamação.