O Ministério Público acusou sete pessoas de terrorismo e insurreição nesta quarta-feira (20) por derrubar um muro de uma refinaria na Bolívia, após confrontos que terminaram com seis mortos por disparos das forças de segurança.
Os enfrentamentos ocorreram na terça-feira (19/11), na cidade de El Alto, em uma refinaria protegida por militares e policiais. Em frente ao local havia um protesto de grupos contrários à presidente interina do país, Jeanine Áñez.
O MP iniciou uma investigação na qual denuncia essas sete pessoas pela destruição e queda do muro da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). “Inicialmente, o ato foi tipificado como a destruição da propriedade estatal e da riqueza natural”, mas “dada a magnitude do dano”, a investigação foi ampliada para o crime de terrorismo, explicou o órgão em comunicado.
Na Bolívia, as penas para este crime vão de 15 a 20 anos de prisão, que podem ser somadas a outras. Os manifestantes também foram acusadas de insurreição, que pode acarretar penas de um a três anos de prisão, de instigação pública à prática de crimes e de ataques à segurança dos serviços públicos.
“Eles teriam causado destruição e incitado à queima e ao saqueio das instalações públicas da YPFB na zona de Senkata, El Alto, quando foram detidos por policiais”, alegou a Procuradoria-Geral da República.
Os tumultos ocorreram quando militares e policiais escoltaram comboios de caminhões-tanque para abastecer a cidade vizinha de La Paz, onde o combustível está escasso.
Governo nega disparos de militares
O ministro interino da Defesa, Fernando Lopez, disse na noite de segunda-feira que os militares não atiraram nos manifestantes. Ele advertiu que os confrontos poderiam ter terminado em tragédia caso os tanques de gás e outros combustíveis explodissem.
Trinta pessoas já morreram durante os ocorridos na crise que atravessa a Bolívia, que se iniciou depois das eleições de 20 de outubro, quando Morales renunciou à presidência. O número de feridos está em 775, segundo a Defensoria do Povo.