Além de ficar de olho no mercado, quem busca emprego pela internet deve também redobrar a atenção para não cair nas mãos de golpistas. As falsas ofertas de trabalho tiveram um aumento de 207% em Minas Gerais, com 196.214 tentativas de enganar o candidato a uma vaga, entre janeiro e outubro deste ano, contra 63.864 no mesmo período do ano passado. O crescimento no Estado está acima da média do país, que registrou alta de 174%, com 2.368.296 tentativas de golpe em 2019, contra 861.962 em 2018.
As falsas ofertas são divulgadas principlamente pelo WhatsApp, por meio de links quase idênticos aos de marcas famosas, geralmente com a alteração de um ou dois caracteres. Ao clicar no link, o usuário é incentivado a responder uma pesquisa para concluir o suposto cadastro e, posteriormente, compartilhar o link malicioso com seus contatos. Depois do compartilhamento, o usuário é direcionado para uma página falsa e induzido a informar as credenciais de acesso (login e senha) de redes sociais ou informações pessoais, como nome completo e CPF.
“O grande diferencial deste ataque é que, ao ter acesso às credenciais de redes sociais do usuário, como login e senha, o golpista pode se passar por ele para espalhar outros golpes entre seus contatos, além de criar lives e publicações patrocinadas para aumentar a viralização do link malicioso”, alerta o diretor do laboratório especializado em segurança digital da desenvolvedora de aplicativos PSafe, Emilio Simoni.
Os dados pessoais e credenciais de acesso de redes sociais das vítimas podem ser utilizados ainda para fraudes financeiras, como solicitação de empréstimos indevidos, compras e abertura de empresas falsas.
Surgem pelo menos dez novos links maliciosos todos os meses, de acordo com levantamento da PSafe. E a tendência é que esses golpes se intensifiquem, especialmente, com a aproximação do Natal, já que nesta época há uma grande oferta de empregos em um cenário de alto desemprego.
Divulgada na última semana, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um exército de 1,123 milhão de desempregados no Estado, quase 9% do total de brasileiros. No Brasil, são 12,5 milhões de homens e mulheres sem emprego.trabalhos temporários.
E não é só na internet que os estelionatários estão agindo. No início do mês, a Polícia Civil desarticulou uma quadrilha, que aplicava o golpe do falso emprego na capital, durante a operação “Primum Officium”. Pelo menos oito empresas, com funcionamento no Centro de BH, lesaram dezenas de jovens que procuravam oportunidade no mercado de trabalho. O grupo montou um esquema de recrutamento de fachada, oferecendo cursos de informática a R$ 600.
Na ocasião, a delegada Cláudia Marra, responsável pelas investigações, alertou: “as pessoas sempre devem procurar referências sobre a empresa, ler atentamente o contrato e só assinar o documento se tiverem certeza de que não há irregularidades”. A pena para o crime de estelionato é de 1 a 5 anos de prisão.
Como divulgar meu currículo?
Com a internet no centro de praticamente tudo, o mercado de trabalho não poderia ficar de fora. A web é utilizada tanto por candidatos a vagas quanto por empresas em busca de um determinado perfil de trabalhador. E o leque é imenso: sites especializados de empregos, redes sociais específicas para quem busca uma recolocação profissional, link “trabalhe conosco” no site da empresa, divulgação de oportunidades e de currículos em sites específicos. Mas todas essas ferramentas devem ser utilizadas com a máxima cautela, alerta Andrea Arnaut, coordenadora do curso de Gestão de RH da Faculdade Promove.
“O candidato ao emprego deve entrar no site da empresa para saber um pouco mais dela, além de procurar informações com outras pessoas referentes à empresa. No opiniário, há inúmeras reclamações referentes à companhia. Isso já é um sinalizazador”, orienta.
A coordenadora também explica que documentos específicos e que estão na mira dos estelionatários devem ser evitados nos currículos. “O candidato não deve colocar no currículo, por exemplo, o CPF, a Carteira de Identidade, o Título de Eleitor, porque essas informações são solicitadas em outras etapas mais avançadas do processo seletivo. E outra coisa: em qualquer processo seletivo, o candidato não deve pagar por ele”, conclui Andrea.
Dicas de segurança na web:
1 – Evite compartilhar links que você não conhece a procedência em redes sociais e WhatsApp.
2 – Na dúvida, verifique se o link é verdadeiro nos sites oficiais das marcas.
3 – Utilize soluções de segurança no celular que disponibilizam a função de detecção automática de phishing em aplicativos de mensagem e redes sociais.
4 – Fique atento a promessas muito vantajosas, preços muito abaixo do valor original e até oportunidades de emprego compartilhado via redes sociais, pois há grande probabilidade de golpe.
* Fonte: PSafe