A mineradora Vale informou nesta quarta-feira (27/11) que concluiu as obras de desativação da primeira das nove barragens a montante que tem risco de rompimento em Minas. A decisão de descaracterização das barragens foi tomada quatro dias após o rompimento da Barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dia 25 de janeiro. Localizada na Mina de Águas Claras, em Nova Lima, a 8B teve suas obras iniciadas em 17 de maio.
O objetivo da mineradora é que nos próximos três anos todas estejam descaracterizadas ou com o fator de segurança adequado, sem oferecer risco às comunidades e municípios localizados abaixo das estruturas e ao meio ambiente.
Além da 8B, o projeto de descaracterização inclui as barragens Sul Superior (Barão de Cocais); Vargem Grande (Nova Lima); Fernandinho (Nova Lima); B3/B4 (Nova Lima); Grupo (Ouro Preto) e Forquilhas I, II e III (Ouro Preto). Em algumas estruturas estão sendo construídas barreiras de contenção a jusante para reforçar a segurança em caso de rompimento. As obras de descaracterização e de contenção estão orçadas em R$ 8,6 bilhões.
As intervenções feitas na 8B consistiram na remoção do alteamento que estava apoiado sobre sedimentos e na construção de um canal central com pedras para possibilitar o escoamento natural da água superficial.
Antes de iniciada a obra, a água superficial do reservatório foi retirada por meio de bombeamento. Para formar o maciço composto por blocos de rocha no canal central e no local onde ficava o barramento foi necessária a colocação de cerca de 50 mil toneladas de pedras. O trabalho gerou 160 empregos diretos.
De acordo com o gerente executivo do Projeto de Descaracterização, Carlos Miana, o principal desafio enfrentado na obra foi o transporte de um grande volume de pedras de forma segura até a 8B [localizada dentro da Mina de Águas Claras] e subir com o sedimento retirado da barragem. “Do pátio do estoque à barragem são quase 4 km de uma estrada de terra estreita, cheia de curvas e em forte declive. Graças à constante conscientização dos motoristas e de um rigoroso controle de segurança conseguimos concluir as obras, mesmo trabalhando dia e noite, sem nenhum acidente”.
Vegetação
De acordo com a Vale, a área onde ficava a barragem está sendo revegetada, o que permitirá uma reintegração mais rápida ao meio ambiente. Foi aplicada uma manta vegetal em uma área de 12.700 m2 e plantadas mil mudas de espécies nativas da Mata do Jambreiro, reserva de proteção permanente preservada pela Vale onde estava localizada a 8B.
A estrutura contava com Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) e não possuía nível de alerta, de forma que os trabalhadores puderam acessar a barragem sem nenhuma restrição.
Com a conclusão das obras, estão sendo iniciados os processos de formalização da descaracterização junto aos órgãos estaduais e Agência Nacional de Mineração.
Obras de contenção
Com a finalidade de proteger comunidades e minimizar o impacto ambiental em caso de rompimento de algumas das barragens a montante, a Vale está construindo três obras de contenção.
Até dezembro deste ano, segundo a Vale, deverão estar concluídas duas barreiras localizadas a jusante das barragens Sul Superior, em Barão de Cocais, e B3/B4, em Macacos (Nova Lima).
Já a obra de contenção do conjunto de barragens que reúne Forquilhas I, II e III, e Grupo, da Mina Fábrica, em Ouro Preto, deve estar concluída no final de fevereiro de 2020.
Números da Barragem 8B
– Início da operação: 1974
– Fim da operação: 2002
– Capacidade total: 300 mil metros cúbicos
– Número de empregos gerados: 160
– Área revegetada: 12.700 metros quadrados
– Mudas plantadas: 1.100
– Altura do blocos de rocha compactado: 1,5 metro