Todos os anos, o Espírito Santo recebe inúmeros turistas de outros estados em busca de divertimento nas praias capixabas. Em Guarapari, por exemplo, 31% dos visitantes são mineiros, de acordo com levantamento feito pela prefeitura no verão de 2016. Os números, entretanto, não impediram a comerciante Kátia Melo Angieuski, proprietária do quiosque do ‘Kátia Lanches’, na Praia do Morro, de dizer algumas verdades sobre os turistas mal educados. Em postagem pública no Facebook, a empresária afirmou que é preciso “ter saco” para atender os turistas mineiros. Ela ainda os classificou como os ‘piores’ visitantes do estabelecimento.
Após a repercussão do caso, Kátia excluiu a postagem de sua página, mas concordou em falar com a reportagem sobre o assunto. Ela ressaltou que foi “mal interpretada” e que se referia a “qualquer turista sem educação” que frequenta o lugar. Kátia ainda destacou ter consciência de que “depende dos mineiros para sobreviver”. “Foi maldade do próprio jornal daqui, que falou que eu ‘meti o pau’ no mineiro. Na verdade, falei do turista em geral, da falta de educação. Eu sou mineira, amo os mineiros”, completou.
Confira o post de Kátia Melo Angieuski:
“Guarapari, cidade lotada, muito sol muita amolação dos meus conterrâneos mineiros, mas pelo menos tá vendendo, menos mal!! Tem que ter saco! Me desculpem, mas não tem turista pior que o mineiro. Já morei em vários lugares do Brasil e todos dizem a mesma coisa. Não é só eu que falo isso e, claro, não são todos, só a maioria! E poucos que têm a coragem de falar, como eu. Tem cada caso que ninguém acredita. Coisas de mineiro! E façam-me o favor de não criticar. Só quem tá lá que sabe o que passamos. Falei, tá falado!”
A comerciante também citou pedidos “sem noção” que já teria ouvido de mineiros em seu estabelecimento, como uma pessoa que pede seis copos com gelo e limão, mas diz que trouxe o refrigerante de casa ou o consumidor que queria trocar alface por bacon na porção. Outros relatos falam de mineiros que teriam se irritado diante da impossibilidade de ela atender seus pedidos. Um exemplo é a revolta por ela não ter facão para abrir um coco – já que ela não vende coco no quiosque, outra demonstração de indignação veio quando ela disse que não podia vender uma panela de arroz porque não podia servir almoço, só porções. Até a folga do inusitado pedido: “descasca essa laranja pra mim?”
NÚMEROS
No último verão, segundo levantamento da prefeitura, Guarapari recebeu mais de 1 milhão de visitantes. Entre eles, 86% disseram frequentar o município em razão do turismo local. O destaque ficou por conta das praias, que foram o motivo do passeio para 68% dos entrevistados. Os quiosques locais, inclusive, foram avaliados como bons ou ótimos por 82% dos viajantes.
A Praia do Morro, onde está localizado o estabelecimento de Kátia, foi destino de 7% dos entrevistados.
MEDIDA POLÊMICA
Há cerca de três anos, o ex-prefeito de Guarapari, Orly Gomes (DEM), também colocou o nome da cidade no centro das atenções. Na ocasião, Gomes decidiu cobrar taxas das empresas de ônibus e dos proprietários que alugam suas casas de veraneio para ‘qualificar’ o turismo na cidade.
O ‘pedágio’ seria de R$ 200 diários e tinha como justificativa a crise hídrica do estado. A razão, entretanto, foi desmentida por órgãos ligados ao saneamento básico espírito-santense.
Diante da repercussão negativa da medida, o Orly Gomes desistiu do projeto de lei. (informações do jornal Estado de Minas)